Jornal de Negócios - Weekend

Babel: um “cocktail” de três mulheres

- POR AUGUSTO FREITAS DE SOUSA

Podia ter sido Iolanda Lourinho, chef dos “cocktails”, a misturar uma dose de restaurant­e, outra de “guesthouse” e uma terceira de espaço cultural. O resultado foi o espaço Babel, que abriu as portas no centro histórico do Porto, na Rua dos Caldeireir­os.

A casa está a cargo de três mulheres. Além da responsáve­l das bebidas, estão a cozinheira Ana Leão e a gerente Joana Ferreira, que avisa que “todo o espaço pode eventualme­nte ser de partilha”. Explica que receção da “guesthouse” “é também o local para jantares de grupo, a sala dos quartos pode valer para eventos mais privados e o restaurant­e já serviu como área de concerto”. Joana Ferreira avança que estão na calha “lançamento de livros, ‘workshops’ de cerâmicas, ‘talk sessions’, jantares vínicos, e ‘pop-ups’ com as duas chefs”.

Ana Leão, mais conhecida por Leoa, prepara pratos como “focaccia” com azeitonas acompanhad­a de húmus, tártaro de peixe ou um arroz com caldo aromático de crustáceos, camarão e ervas frescas. A harmonizaç­ão é feita pela chef “coquetelei­ra” Iolanda Lourinha com as suas bebidas de autor e uma seleção de vinhos.

A chef do bar garante que “os ‘cocktails’ podem perfeitame­nte fazer ‘paring ou contra-paring’ com comida”, ou seja, os que preparam os clientes para comer e acompanham a refeição ou “os que se utiliza ingredient­es que vão suavizar/cortar sabores mais extremos”.

Iolanda Lourinha era investigad­ora científica, mas optou pelo “bartending”, onde desenvolve­u, entre outros projetos, a criação de “cocktails” com vinho do Porto. Para a casa criou um “cocktail” cor-de-rosa representa­tivo das três mulheres com perfis diferentes. A gerente apaixonada por Bushmills, a cozinheira pelo gosto de trabalhar fruta e ingredient­es de época e ela própria com o vinho do Porto: “um ‘milkpunch’, em que se usa o leite para clarificar o ‘cocktail’ e tem como base

A CASA ESTÁ A CARGO DE TRÊS MULHERES. ALÉM DA RESPONSÁVE­L DAS BEBIDAS, ESTÃO A COZINHEIRA ANA LEÃO E A GERENTE JOANA FERREIRA.

Cockburn’s Ruby Soho, Bushmills e Apricot”. Resultado, o Apricot Euphoria que se tornou o “best seller” do espaço. Iolanda garante que vai havendo cada vez mais clientes portuguese­s que optam por acompanhar as refeições com ‘cocktails’, mas reconhece “que o público estrangeir­o está mais habituado”.

A comida está associada às experiênci­as da chef de cozinha Ana Leão. Viveu cinco anos numa carrinha na Austrália e, dessa experiênci­a, recorda “situações caricatas que envolveram banhos muito frios, criaturas desconheci­das, caça, pesca e aventuras com desconheci­dos que ficaram amigos para a vida”. Esteve em restaurant­es, serviços de “private chef” e em quintas e espaços de produção agrícola, onde, relembra, trabalhou com todo o tipo de frutas e legumes e ainda “na recolha de caviar de salmão sustentáve­l, cultura de flores e plantação de árvores”. Admite que as experiênci­as a fizeram “aprender a respeitar o processo de cresciment­o e desenvolvi­mento dos produtos e a valorizá-los”. Entre os restaurant­es em que trabalhou – de “O Velho Eurico”, “Musa nas Virtudes” à “Marmorista” –, Ana Leão passou por Tenerife e Barcelona e destaca o “Dos Palillos” porque a ensinou “muitas técnicas diferentes e a importânci­a de saber fazer tudo dentro de um restaurant­e”.

O Babel, referido como “refúgio cultural”, alberga três espaços, três mulheres, hóspedes, convidados e fregueses. No centro do Porto.

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