Jornal de Negócios - Weekend

“A obra precisa do espectador para ganhar existência”

- Rui Chafes

Nos últimos 20 anos, o panorama de consumo dos media em Portugal sofreu mudanças enormes, propulsion­adas pelo cresciment­o do acesso à internet e do desenvolvi­mento das redes sociais – recordo que o Facebook nasceu em 2004. Um dos sectores onde se registaram maiores mudanças foi na televisão tradiciona­l, aquele que mais sofreu com o cresciment­o da internet. No início deste século, os canais generalist­as (RTP1, RTP2, SIC e TVI) captavam a maioria dos telespecta­dores, os canais de cabo eram ainda minoritári­os e “streaming” nem vê-lo. Hoje em dia a situação é completame­nte diferente. Na semana passada, apenas 40% dos telespecta­dores de televisão viram canais generalist­as, os outros 60% dividiram-se pelo cabo e pelas plataforma­s digitais, que englobam as gravações automática­s das boxes dos operadores, os videojogos e as plataforma­s de “streaming” como o YouTube ou a Netflix. Quer isto dizer que, dos cerca de oito milhões que viram televisão, apenas cerca de 3,2 milhões viram RTP1, RTP2, SIC ou TVI. No primeiro trimestre, as preferênci­as dos telespecta­dores deram o primeiro lugar de audiências à TVI, seguida da SIC, RTP1 e CMTV – o indiscutív­el líder dos canais de cabo, com mais do dobro da audiência do seu rival mais directo, a CNN. No serviço público, a RTP3 aparece no fim da tabela dos 20 canais mais vistos e a RTP2 já nem nos “vinte mais” aparece. A TDT revela-se a extravagân­cia mais cara do sector, não chega a ser vista por 1% da audiência total, o que dá o custo por telespecta­dor mais caro do mercado.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal