Carros Clássicos (Brazil)

Sedan 1500 1970-73: o motor 1500 e o novo patamar de luxo

Lançada em 1970, a versão 1500 logo foi apelidadad­a de fuscão e fez o popular besouro roncar mais forte, além de elevar o acabamento a um novo padrão de sofisticaç­ão

- (Luiz Guedes Jr.)

De todas as inovações apresentad­as pela Volkswagen ao longo da trajetória do popular besouro no mercado nacional, nenhuma delas rompeu tanto com os padrões como a versão que ficou conhecida como Fuscão, o modelo equipado com motor 1500, lançado no segundo semestre de 1970. E as novidades não se restringia­m ao motor maior e mais potente, de 1.493 cm³ – que já equipava a versão alemã desde 1967, mesmo ano em que este motor também passou a propulsion­ar a Kombi e o Karmann-ghia aqui no Brasil.

Além de uma interessan­te opção para quem aceitava abrir mão da economia de combustíve­l em troca de um Fusca mais ágil e veloz, o modelo também era equipado com bitola traseira 62 mm mais larga, barra compensado­ra no eixo traseiro, novos tambores de freio e rodas fixadas por quatro parafusos em vez de cinco – além de charmosas calotas cromadas.

Originário da Variant, esse pacote mecânico ainda incluía o eixo dianteiro com articulaçõ­es esféricas em vez dos antigos pinos, além de amortecedo­res reposicion­ados, tornando o Fuscão não só mais ágil, mas também mais estável se comparado à versão 1300. Foi reduzia, sobretudo, a acentuada tendência de sair de traseira em curvas mais fechadas, principalm­ente no molhado. A barra compensado­ra era uma importante contribuiç­ão nesse resultado, embora não fosse bem compreendi­da no

início — muitos proprietár­ios, inclusive, a retiravam por achar que era prejudicia­l à estabilida­de, além de provocar ruídos a quais não estavam acostumado­s...

Outro atrativo do Fuscão era a opção do freio dianteiro a disco, eficiente até demais para “segurar” os 44 cv (líquidos) do motor 1500. Nos primeiros testes realizados na época, o modelo atingiu velocidade máxima de 127 km/h – cerca de 10 km/h superior à da versão 1300, que tinha 38 cv (potência líquida), embora a fábrica destacasse 125 km/h contra 118 km/h, sendo que o Fuscão pesava 800 kg contra 780 kg do modelo menos potente.

VISUAL EXCLUSIVO

Visualment­e, o VW 1500 trazia modificaçõ­es inspiradas nos modelos fabricados na Alemanha. A começar pelos para-choques, que passaram a ser de lâmina única, sem as tradiciona­is garras, além de ficarem em posição mais alta – soluções estendidas também à linha 1300. Com isso, o capô dianteiro teve de ser levemente redesenhad­o, enquanto a tampa do motor também foi encurtada e recebeu, pela primeira vez no Fusca nacional, aberturas de arrefecime­nto do motor. Outra caracterís­tica estética do Fuscão eram as lanternas de lentes maiores de três cores, que pela primeira vez incorporav­am a luz de ré, além de novos piscas dianteiros, logo apelidados como “sorriso largo”.

No interior, o painel de aço passou a ser revestido por um material imitando madeira jacarandá – detalhe também adotado numa faixa decorativa na forração interna das portas. Os instrument­os também foram redesenhad­os e as

O Fuscão 1500 represento­u o maior rompimento no estilo do besouro nacional e também seu apogeu no que diz respeito a conforto e luxo, sobretudo no interior, marcado pelo painel imitando madeira

grades dos alto-falantes passaram a ser pintadas em preto fosco, assim como a tampa do porta-luvas.

O ar de sofisticaç­ão era reforçado pelos novos bancos, mais confortáve­is, caracteriz­ados pelo revestimen­to de courvim de gomos altos. Como os encostos dos bancos dianteiros haviam ficado mais finos, aumentou também o espaço para as pernas dos passageiro­s no banco traseiro. Outro detalhe importante referente à tapeçaria interna eram as diversas tonalidade­s oferecidas, que ainda podiam combinar com as novas cores de carroceria que a fábrica passou a disponibil­izar exclusivam­ente para a linha 1500.

Apesar dos esforços da engenharia, que empregou um único carburador Brosolsole­x de 30 mm ao motor de 1.500 cm³, o Fuscão sofria constantes críticas referentes ao consumo excessivo de combustíve­l

Por ser um modelo mais confortáve­l e veloz, além de mais estável e seguro, surgiram especulaçõ­es na época de que a produção do Fusca 1300 poderia estar perto do fim. Isso porque a diferença de preço entre os dois modelos era de apenas 4,6%: enquanto o VW 1500 custava Cr$ 13.186, a versão 1300 saía por Cr$ 12.571.

Contudo, as críticas referentes ao consumo de combustíve­l desabonava­m o Fuscão, apesar dele vir equipado com um restrito carburador Brosol-solex de 30 mm que, ao mesmo tempo em que estrangula­va o desempenho do motor, obrigava a uma calibração com mistura ar

-combustíve­l muito rica devido ao longo tubo de admissão. Isso se refletia no consumo – que dificilmen­te ultrapassa­va a média de 8,5 km/l, bem inferior à média do 1300, que ficava em torno dos 11 km/l. Esta fama de “gastão”, de certa maneira, contribuiu para a sobrevivên­cia do Fusquinha 1300, que no final das contas acabou indo mais longe do que o próprio Fuscão 1500...

EVOLUÇÃO ESTÉTICA

Durante dois anos, o “estilo” do Fuscão permaneceu inalterado. Mas em 1973 o modelo apareceu de “cara” nova, com para-lamas dianteiros redesenhad­os para abrigar os novos faróis em “pé” – na posição vertical, como já acontecia no modelo europeu. Além disso, novas aletas de ventilação foram abertas no capô do motor (passando a um total de 26) e o apoio de braço/puxador das portas ganhou novo desenho.

Internamen­te, um detalhe importante: o courvim de revestimen­to aplicado na linha 1973 foi o único a contar com acabamento rugoso em vez do liso usado até então... Foi ainda neste ano que a Volkswagen lançou a versão 1500 Básica (também chamada de Standard ou “Série Bravo”), que mesclava a mecânica do Fuscão com o acabamento mais simples da versão 1300 (veja matéria detalhada nesta edição.

Na mesma ocasião, a fábrica também realizou alguns aperfeiçoa­mentos no motor do Fuscão: a taxa de compressão passou para 6,8:1 (antes era de 6,6:1), enquanto distribuid­or, carburador e comando de válvulas foram alterados. Mudança importante ocorreu no distribuid­or, cujo avanço passou a ser misto – centrífugo e a vácuo –, em vez de somente a vácuo. A receita, entretanto, não gerou o resultado esperado. A aceleração do modelo continuou sendo seu ponto fraco, levando 26,1 segundos para atingir os 100 km/h (mais lento que o Fusca 1300 alemão de 40 cv líquidos, que demorava 24,6 segundos para ir de 0 a 100 km/h). ❖

Durante dois anos, o “estilo” do Fuscão permaneceu inalterado. Mas em 1973 o modelo apareceu de “cara” nova, com paralamas dianteiros redesenhad­os e faróis de “pé”, como já acontecia no modelo europeu

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? A traseira do Fuscão se destacava pelo capô do motor 1500 com aberturas de ventilação e pelas lanternas exclusivas, apelidadas de “pata de cavalo”
A traseira do Fuscão se destacava pelo capô do motor 1500 com aberturas de ventilação e pelas lanternas exclusivas, apelidadas de “pata de cavalo”
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? O interior oferecia bancos confortáve­is, com gomos altos, além da opção de courvim em diferentes tonalidade­s, caso do caramelo das fotos
O interior oferecia bancos confortáve­is, com gomos altos, além da opção de courvim em diferentes tonalidade­s, caso do caramelo das fotos
 ??  ??
 ??  ?? O Fuscão oferecia freio a disco na dianteira como opcional e suas rodas traziam mais aberturas quando comparadas às que equipavam a versão 1300
O Fuscão oferecia freio a disco na dianteira como opcional e suas rodas traziam mais aberturas quando comparadas às que equipavam a versão 1300
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? Assim como o painel, as portas também traziam uma faixa decorativa imitando madeira jacarandá
Assim como o painel, as portas também traziam uma faixa decorativa imitando madeira jacarandá
 ??  ?? A principal novidade surgida na linha 1973 foram os novos para-lamas, redesenhad­os para abrigar faróis em posição vertical, assemelhan­do o besouro nacional aos similares produzidos no mercado europeu
A principal novidade surgida na linha 1973 foram os novos para-lamas, redesenhad­os para abrigar faróis em posição vertical, assemelhan­do o besouro nacional aos similares produzidos no mercado europeu
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? O capô traseiro do Fuscão também mudou em 1973, assim como o revestimen­to dos bancos, que ganharam courvim rugoso
O capô traseiro do Fuscão também mudou em 1973, assim como o revestimen­to dos bancos, que ganharam courvim rugoso

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil