Carros Clássicos (Brazil)

Irmã de sucesso: a trajetória da bem sucedida Variant nacional

Durante a década de 1970, a Variant foi um dos modelos preferido das famílias brasileira­s. Na sua segunda geração foi o último modelo nacional desenvolvi­do em cima da plataforma do Fusca

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No fim da década de 1960, quando o Brasil dava o grande salto para a motorizaçã­o em massa, o Fusca já tinha uma fenomenal aceitação, enquanto a Kombi também reinava absoluta num segmento quase sem concorrent­es. Com isso, a Volkswagen praticamen­te monopoliza­va o mercado nacional e tinha mais de 70% de participaç­ão. Contudo, apesar do cenário otimista, a fábrica de São Bernardo do Campo já vislumbrav­a que precisaria ampliar sua linha caso quisesse se manter no topo.

A estratégia traçada foi lançar novos modelos, mais luxuosos destinados a outros segmentos do mercado da mesma forma como já fizera no exterior com a família Tipo 3. O primeiro modelo desta nova linha foi o sedã de 4 portas batizado de VW 1600, apresentad­o no VI Salão do Automóvel de São Paulo, em dezembro de 1968. Embora vendesse a mesma robustez do Fusca, com um estilo mais moderno – conforme destacava a propaganda da VW – o modelo sucumbiu à rejeição popular e logo foi apelidado “Zé do Caixão”. Um ano depois, no final de 1969, foi lançada a Variant, segundo modelo da nova linha e com desenho frontal idêntico ao do controvert­ido sedã. Mas seu destino seria mais glorioso...

CARRO FAMÍLIA

Além das linhas retas, a

Variant se mostrava promissora num segmento órfão desde o fim da DKW Vemaguet produzida pela Vemag, fábrica absorvida pela própria Volkswagen em 1967. Como o modelo era destinado às famílias – geralmente mais numerosas naqueles tempos, o principal apelo de venda utilizado pela Volkswagen era o espaço oferecido – justamente o ponto fraco do Fusca.

Na televisão, a publicidad­e de lançamento mostrava o ator e humorista Rogério Cardoso intrigado, à procura do motor, já que havia um porta-malas na frente e outro atrás. O primeiro ficava sob o capô dianteiro, enquanto o outro nada mais era do que o vão entre a tampa do motor e o teto/vidro da tampa traseira. Juntos, comportava­m até 640 litros, uma boa capacidade para a época.

Com ampla área envidraçad­a e excelente visibilida­de, ela era fabricada apenas na versão duas

-portas e cinco lugares. No banco de trás, os enormes vidros laterais tinham quebra-vento que possibilit­ava abrir parcialmen­te. O interior também seguia o padrão surgido com o “Zé do Caixão”, com destaque para o painel revestido por um plástico que imitava madeira jacarandá, mas a lista de opcionais era econômica: apenas rádio e relógio.

Instalado praticamen­te dentro do habitáculo, o motor de 1.584 cm³ e dupla carburação inaugurou no Brasil a engenharia de construção plana, com a turbina baixa. A potência líquida era de 54 cv, permitindo velocidade final por volta de 135 km/h.

NOVO FRONTAL

Em 1971, o modelo ganhou uma frente mais moderna, com quatro faróis e capô inclinado, além de outras pequenas alterações de estilo. E, em dezembro de 1976, a Volkswagen comemorou a produção de 250 mil unidades da Variant, ano em que o modelo recebeu algumas melhorias herdadas do VW Brasilia. Mas suas linhas já estavam “cansadas”. Em dezembro de 1977, já como modelo 1978, a VW apresentou ao mercado a chamada Variant II, que ficou mais conhecida como Variantão.

Projetado no Brasil, o novo modelo trazia muitos avanços, sobretudo na suspensão. Na dianteira, adotava sistema Mcpherson com mola helicoidal, bastante superior ao de braços arrastados duplos e lâminas de torção que equipavam sua antecessor­a (e também o Fusca). Na traseira, o sistema de semi-eixo oscilante deu lugar ao de braço semi-arrastado, com barras de torção, bem mais eficiente por evitar a perigosa variação de cambagem.

Contudo, apesar dos mais avançados sistemas de conforto e segurança ao dirigir entre todos os derivados nacionais do Fusca, o Variantão teve vida breve no mercado, tendo a produção descontinu­ada em 1981, sobretudo devido à forte concorrênc­ia da Ford Belina II e à chegada da família BX, que gerou a futura Parati. ❖

Além de linhas mais elegantes que as do VW 1600, a Variant se mostrava promissora num segmento órfão desde o fim da DKW Vemaguet produzida pela Vemag

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 ??  ?? A Variant II foi o único derivado do Fusca nacional a vir equipado com suspensão dianteira Mcpherson, o que possibilit­ava “deitar” o estepe e aumentar o espaço no porta-malas
A Variant II foi o único derivado do Fusca nacional a vir equipado com suspensão dianteira Mcpherson, o que possibilit­ava “deitar” o estepe e aumentar o espaço no porta-malas
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 ??  ?? Acima, as três gerações da Variant nacional vistas de frente: mudanças nos faróis, piscas e para-choques
Acima, as três gerações da Variant nacional vistas de frente: mudanças nos faróis, piscas e para-choques
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 ??  ?? O painel imitando madeira jacarandá desaparece­u em 1973, dando lugar a um componente coberto por um plástico preto, moda na época. Já a Variant II, lançada em 1977, trazia painel bem mais moderno e com maior variedade de instrument­os
O painel imitando madeira jacarandá desaparece­u em 1973, dando lugar a um componente coberto por um plástico preto, moda na época. Já a Variant II, lançada em 1977, trazia painel bem mais moderno e com maior variedade de instrument­os

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