QUASE UM AUTOMÁTICO
A primeira grande revolução tecnológica no Fusca foi a opção do câmbio semiautomático de três marchas, chamado de Stick Shift. Mantinha a alavanca do câmbio convencional e a troca de marcha continuava a ser responsabilidade do motorista – porém sem haver pedal de embreagem. Na ocasião, os americanos compravam cerca de 300 mil Fuscas por ano. Mas eles não queriam mais ter que trocar as marchas manualmente ou usar embreagem. Para manter sua fatia neste mercado, a VW criou para os consumidores de lá (e estendeu para os europeus) a opção deste câmbio sem embreagem.
A novidade trouxe ainda um importante ganho extra. Acontece que o conversor de torque invadia o espaço da suspensão traseira. E os engenheiros foram obrigados a redesenhá-la, chegando a um sistema de braço semiarrastado muito semelhante ao utilizado então no Porsche 911. A nova geometria da suspensão eliminava a tendência que o Fusca tinha de levantar a traseira, “recolher o trem” e chicotear numa forte escapada, incontrolável para o motorista comum.
A caixa com três velocidades era basicamente a padrão de qualquer Fusca, apenas com a primeira marcha removida. O conversor de torque, além de permitir carro parado com marcha engatada, também se encarregava de prover força em “segunda” (Low) para arrancar em pendências íngremes ou com muita carga. Os engates restantes eram arranjados em “H”, com a marcha à ré no lugar em que a primeira costuma ficar. Abaixo dela, no lugar da segunda marcha estava a posição Low. As outras duas fendas (Drive 1 e Drive 2), consequentemente, representavam a terceira e a quarta marchas do manual. A caixa trazia uma pequena embreagem monodisco a seco (eletropneumática com interruptor na base da alavanca de câmbio) entre o conversor de torque e o trem de engrenagens somente para as trocas de marchas.
Se por um lado este sistema híbrido dava mais conforto ao motorista pela ausência do pedal de embreagem, por outro deixava o carro mais lento e menos econômico do que a versão manual. A crítica na ocasião dizia que a caixa semiautomática depreciava a simplicidade do Fusca, mas que os ganhos de dirigibilidade e segurança com a nova suspensão valiam o dinheiro extra. O fato é que o sistema misto não convenceu os americanos e as vendas da versão nunca empolgaram. Um Fusca automático de fato teria sido um sucesso, mas essa foi uma opção jamais oferecida.