A ONDA DO BRUCUTU
Esqueça a febre do rádio toca-fitas, do combustível ou a atual predileção dos bandidos pelo estepe. No ano de 1966, a peça mais furtada em automóveis brasileiros foi o bico ejetor de água para limpeza do para-brisa do Volkswagen Sedan. Os meliantes? Adolescentes embalados por uma febre que tomou conta do País inteiro na ocasião: a “brucutumania”. Tudo começou com a letra de uma música do cantor Erasmo Carlos, que na época era um dos “comandantes” da Jovem Guarda, movimento musical que explodiu em meados da década de 1960 aqui no Brasil.
Como Erasmo gostava de usar diversos anéis, seguindo a moda iniciada pelo Beatle Ringo Star, se difundiu entre os jovens brasileiros, de ambos os sexos, a mania das bijuterias de latão. Assim, as mesmas mãos habilidosas que praticavam os furtos nos Fuscas também convertiam a peça de latão cromado em anéis, que foram uma onda tão explosiva quanto passageira. Mas, devido a ela, o bizzarro ejetor do Fusca acabou ficando popularmente conhecido como brucutu!
Na ocasião, uma revista publicou uma pesquisa apontando que, de cada cem Fuscas, noventa já haviam tido o “brucutu” roubado pelo menos uma vez! O assunto ganhou proporção tamanha que mereceu a atenção até do Juizado de Menores. E a empresa fornecedora deste componente para a VW por muitos meses não conseguiu atender à demanda da curiosa peça nas concessionárias...