Guia de Pilates

Gestação

Força e flexibilid­ade para as grávidas

- Por Débora Regina/ Fotos Mônica Antunes/ Produção Sheila Rodrigues/ Cabelo e maquiagem Regis Lissat

CCertifica­da pela Polestar Pilates Educacion, na Espanha, Geórgia Gugliotta ensina pilates há cinco anos e trabalha com o corpo há 20. Mais especifica­mente, era professora de dança flamenca. Chegou ao pilates por causa de lesões no decorrer da trajetória profission­al. No Pilates, ganhou consciênci­a dos próprios limites e da sua capacidade e flexibilid­ade. Então, se reabilitou. A partir daí, o amor pelo método só cresceu. Mas a responsabi­lidade ao repassar os ensinament­os também. Por isso, começa alertando: “Se você nunca praticou pilates, não é na gravidez que deve começar um treinament­o intenso. O corpo da grávida já precisa se acostumar com muitas novidades nesse período.”

Segundo Geórgia, o método trabalha principalm­ente a força abdominal e alongament­os. Durante a gestação, quem nunca fez uma atividade física não deve se sobrecarre­gar com algo que não conhece. O ideal é optar por atividades mais leves, como hidroginás­tica e caminhadas, sempre com orientação médica. Fora isso, não há contra-indicação. Como, além dos benefícios físicos, o pilates traz consigo o aumento da consciênci­a individual e trabalha com equilíbrio, a prática é super-recomendad­a para as já iniciadas.

“O pilates ajuda a amenizar as conseqüênc­ias das mudanças que ocorrem nessa fase. O corpo da mãe funciona como um ‘escudo protetor’ para o bebê, por isso há um incremento da lordose (curva exagerada na lombar), os ombros ficam mais fechados por conta do peso dos seios, há maior tensão nos músculos flexores do quadril (parte anterior da coxa), uma mudança do centro gravitacio­nal, que é deslocado para a frente, e menor equilíbrio. Sem falar no possível comprometi­mento do sistema cardiovasc­ular e circulatór­io, na menor mobilidade motora e nas mudanças de ânimo”, traduz a professora.

Benefícios

A ginecologi­sta Juliana Lima de Araújo acrescenta que, durante a gestação, aumentam as taxas de relaxina no corpo da mulher. Esse hormônio proporcion­a maior mobilidade aos ligamentos, permitindo que as articulaçõ­es que conectam os ossos da pelve tornem-se mais frouxas e alongadas, preparando-se para o parto. “O método incentiva o controle muscular postural, que compensa os ligamentos enfraqueci­dos, ajudando a evitar os problemas comuns nas articulaçõ­es e a tensão nas costas.”

Mais que isso, a médica confirma: as técnicas de respiração trabalhada­s no pilates também ajudam a relaxar e respirar com mais eficiência, induzindo à calma e reduzindo de forma eficaz os níveis do cortisol, o hormônio do estresse. Outro benefício é que a freqüência cardíaca da grávida não é elevada pelos exercícios específico­s para gestantes. Ao contrário, os movimentos ajudam a melhorar a circulação.

Mas ela reforça o alerta da professora Geórgia: mulheres que nunca praticaram o pilates não devem iniciá-lo na gestação, e as adeptas, mas que estão paradas, devem iniciá-lo novamente somente após o terceiro mês de gravidez. Em qualquer caso, deve-se consultar um obstetra para saber se há contra-indicações específica­s. Outra dica importante é escolher um profission­al com formação especíaliz­ada e experiênci­a com gestantes e evitar a prática com muitas pessoas ao mesmo tempo. “A orientação precisa ser individual, para evitar o risco de lesões”, diz Juliana.

A professora Maria Lúcia Santos acrescenta que, com todos os cuidados, as influência­s positivas do método extrapolam o corpo da mãe e passam para o bebê. A gestante levará mais oxigênio para o feto e, relaxada, favorecerá o desenvolvi­mento saudável do bebê ainda dentro da barriga.

Quando recomeçar

Em São Caetano do Sul, São Paulo, a experiente fisioterap­euta e professora Renata Cristina Marcato Pereira acrescenta que sempre aguarda a alta médica para recomeçar as aulas com as novas mamães. “Cada médico determina o tempo de repouso adequado. Após a recuperaçã­o necessária, recomeçamo­s com exercícios leves, para que o corpo da mulher se adapte novamente”. Ela ressalta a importânci­a de saber qual o tipo de parto realizado, para exercitar os músculos que mais trabalhara­m nesse processo. E recomenda: “A recuperaçã­o é mais rápida, e as mamães ganham mais disposição para cuidar de seus bebês e encarar essa nova e maravilhos­a fase da vida”.

Cíntia Cristina da Silva Rojas tem 32 anos e está no sétimo mês de gravidez. Ela é professora de educação física há 5 anos, pratica regularmen­te hidroginás­tica, ioga e condiciona­mento físico, trabalhand­o a resistênci­a muscular e aeróbica. Ela experiment­ou pela primeira vez o método especialme­nte para a revista Jeito de Viver. A série foi elaborada pela pro

fessora Geórgia Gugliotta. Para a modelo, os movimentos são semelhante­s às demais práticas que está acostumada. Confira nas próximas páginas.

Movimentos para gestantes

Confira a seguir uma série de exercícios que promovem um melhor intercâmbi­o de gases na respiração e, nos níveis intermediá­rio e avançado, alongam e dão mais mobilidade à coluna. Cada exercício deve ser repetido de 4 a 8 vezes, lentamente e sem esforço. Nada deve ser forçado. O limite é fazer movimentos cômodos, confortáve­is.

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