Gestação
Força e flexibilidade para as grávidas
CCertificada pela Polestar Pilates Educacion, na Espanha, Geórgia Gugliotta ensina pilates há cinco anos e trabalha com o corpo há 20. Mais especificamente, era professora de dança flamenca. Chegou ao pilates por causa de lesões no decorrer da trajetória profissional. No Pilates, ganhou consciência dos próprios limites e da sua capacidade e flexibilidade. Então, se reabilitou. A partir daí, o amor pelo método só cresceu. Mas a responsabilidade ao repassar os ensinamentos também. Por isso, começa alertando: “Se você nunca praticou pilates, não é na gravidez que deve começar um treinamento intenso. O corpo da grávida já precisa se acostumar com muitas novidades nesse período.”
Segundo Geórgia, o método trabalha principalmente a força abdominal e alongamentos. Durante a gestação, quem nunca fez uma atividade física não deve se sobrecarregar com algo que não conhece. O ideal é optar por atividades mais leves, como hidroginástica e caminhadas, sempre com orientação médica. Fora isso, não há contra-indicação. Como, além dos benefícios físicos, o pilates traz consigo o aumento da consciência individual e trabalha com equilíbrio, a prática é super-recomendada para as já iniciadas.
“O pilates ajuda a amenizar as conseqüências das mudanças que ocorrem nessa fase. O corpo da mãe funciona como um ‘escudo protetor’ para o bebê, por isso há um incremento da lordose (curva exagerada na lombar), os ombros ficam mais fechados por conta do peso dos seios, há maior tensão nos músculos flexores do quadril (parte anterior da coxa), uma mudança do centro gravitacional, que é deslocado para a frente, e menor equilíbrio. Sem falar no possível comprometimento do sistema cardiovascular e circulatório, na menor mobilidade motora e nas mudanças de ânimo”, traduz a professora.
Benefícios
A ginecologista Juliana Lima de Araújo acrescenta que, durante a gestação, aumentam as taxas de relaxina no corpo da mulher. Esse hormônio proporciona maior mobilidade aos ligamentos, permitindo que as articulações que conectam os ossos da pelve tornem-se mais frouxas e alongadas, preparando-se para o parto. “O método incentiva o controle muscular postural, que compensa os ligamentos enfraquecidos, ajudando a evitar os problemas comuns nas articulações e a tensão nas costas.”
Mais que isso, a médica confirma: as técnicas de respiração trabalhadas no pilates também ajudam a relaxar e respirar com mais eficiência, induzindo à calma e reduzindo de forma eficaz os níveis do cortisol, o hormônio do estresse. Outro benefício é que a freqüência cardíaca da grávida não é elevada pelos exercícios específicos para gestantes. Ao contrário, os movimentos ajudam a melhorar a circulação.
Mas ela reforça o alerta da professora Geórgia: mulheres que nunca praticaram o pilates não devem iniciá-lo na gestação, e as adeptas, mas que estão paradas, devem iniciá-lo novamente somente após o terceiro mês de gravidez. Em qualquer caso, deve-se consultar um obstetra para saber se há contra-indicações específicas. Outra dica importante é escolher um profissional com formação especíalizada e experiência com gestantes e evitar a prática com muitas pessoas ao mesmo tempo. “A orientação precisa ser individual, para evitar o risco de lesões”, diz Juliana.
A professora Maria Lúcia Santos acrescenta que, com todos os cuidados, as influências positivas do método extrapolam o corpo da mãe e passam para o bebê. A gestante levará mais oxigênio para o feto e, relaxada, favorecerá o desenvolvimento saudável do bebê ainda dentro da barriga.
Quando recomeçar
Em São Caetano do Sul, São Paulo, a experiente fisioterapeuta e professora Renata Cristina Marcato Pereira acrescenta que sempre aguarda a alta médica para recomeçar as aulas com as novas mamães. “Cada médico determina o tempo de repouso adequado. Após a recuperação necessária, recomeçamos com exercícios leves, para que o corpo da mulher se adapte novamente”. Ela ressalta a importância de saber qual o tipo de parto realizado, para exercitar os músculos que mais trabalharam nesse processo. E recomenda: “A recuperação é mais rápida, e as mamães ganham mais disposição para cuidar de seus bebês e encarar essa nova e maravilhosa fase da vida”.
Cíntia Cristina da Silva Rojas tem 32 anos e está no sétimo mês de gravidez. Ela é professora de educação física há 5 anos, pratica regularmente hidroginástica, ioga e condicionamento físico, trabalhando a resistência muscular e aeróbica. Ela experimentou pela primeira vez o método especialmente para a revista Jeito de Viver. A série foi elaborada pela pro
fessora Geórgia Gugliotta. Para a modelo, os movimentos são semelhantes às demais práticas que está acostumada. Confira nas próximas páginas.
Movimentos para gestantes
Confira a seguir uma série de exercícios que promovem um melhor intercâmbio de gases na respiração e, nos níveis intermediário e avançado, alongam e dão mais mobilidade à coluna. Cada exercício deve ser repetido de 4 a 8 vezes, lentamente e sem esforço. Nada deve ser forçado. O limite é fazer movimentos cômodos, confortáveis.