DR. ALOIS ALZHEIMER E O CASO DE AUGUSTE
Em novembro de 1901, o neurologista alemão Alois Alzheimer examinou pela primeira vez Auguste Deter, uma mulher de 51 anos, numa instituição de doenças mentais em Frankfurt. Ela apresentava problemas de memória e de linguagem e sofria de distúrbios como desorientação e alucinações. O quadro de sintomas era similar ao que se diagnosticava à época como demência. Mas o que se distinguia é que a paciente era bem mais jovem do que os pacientes usualmente afligidos por esse mal. Para diferenciá-lo, portanto, o doutor Alzheimer definiu o problema como uma Demência Pré-Senil. As condições de Auguste se deterioraram em poucos anos e culminaram com sua morte em abril de 1906. Impressionado com o caso, inédito na carreira do médico, ele obteve autorização da família de Auguste para realizar uma autópsia em seu cérebro. Durante o exame, foi encontrada uma significativa atrofia, especialmente do córtex, a fina camada externa que recobre a massa cinzenta, que por sua vez se relaciona à memória, à linguagem, ao julgamento, e ao pensamento em geral. Ele então colheu pequenas amostras dos tecidos cerebrais e os impregnou com sais de prata, antes de examiná-los sob um microscópio. Em sua análise, o neurologista observou dois tipos de depósitos anormais dentro e fora das células nervosas. Essas ocorrências já haviam sido observadas e descritas antes, mas nunca em alguém tão jovem. Em novembro daquele mesmo ano, numa conferência de psiquiatras em Tübingen, Alemanha, Dr. Alzheimer apresentou o caso que ele classificou como “uma enfermidade particular do córtex cerebral” de sua paciente Auguste Deter e, no ano seguinte, publicou essa mesma apresentação em forma de artigo. Só em 1911, porém, publicou um artigo interpretando suas observações em maiores detalhes. Desta vez, outros casos foram descritos, como o de
Johann F. , associados ao mal que, já nessa época, era conhecido como a doença de Alzheimer. A escolha do nome foi de Emil Kraepelin, mentor de Alzheimer, e um dos psiquiatras alemães mais prestigiados de seu tempo. Alois Alzheimer morreu em 1915, aos 51 anos, na Polônia, em decorrência de problemas cardíacos.