Meu pai tinha esquecimentos comuns da idade,
mas quando eles se tornaram repetitivos e preocupantes meus irmãos e eu resolvemos procurar um médico clínico geral, que nos indicou depois um neurologista. Mas antes dos exames específicos mais aprofundados, as perguntas do primeiro médico, o clínico, foram simples: -- Como está o senhor? -- Ele perguntou depois de cumprimentá-lo. A resposta de meu pai: -- Doutor, não sei por que meus filhos me trouxeram aqui. Estou ótimo, com boa saúde, não tenho nenhuma doença. O médico sorriu, concordando aparentemente com ele, mas depois de conversar um pouco perguntou: -- O senhor sabe que dia é hoje? A resposta veio com grande segurança: -- Sei, é lógico, hoje é segunda-feira, ontem almoçamos em família, como todos os domingos. O médico sorriu novamente, tranquilizando meu pai e disse: -- Tudo bem, meu amigo, que bom. Mas eu queria saber na verdade que dia do mês é hoje... Dessa vez meu pai não conseguiu disfarçar. -- Espere aí... já vou lhe dizer... Estamos em outubro, não? Não, não estávamos em outubro, e sim no mês de agosto. Lembro disso porque são perguntas corriqueiras feitas pelos profissionais especializados que podem ajudar a detectar os primeiros sinais da demência. E, como me disse o mesmo médico depois,, é preciso ficar alerta sempre, porque muitos paciente do mal de Alzheimer, principalmente quando são muito espertos e inteligentes, conseguem no início disfarçar muito bem a própria doença. Enganam os outros, como a si mesmos.