Todos os verões da minha infância foram passados com meus avós paternos,
em Mobile, Alabama onde eles viviam ou, na maior parte das vezes, viajando pelo país. Eu fui por sete anos o único neto deles e portanto o centro das atenções. Em 1981, meu avô se aposentou com uma grande festa e homenagem da empresa onde ele trabalhou como engenheiro elétrico. Já naqueles anos era possível perceber a crescente frustração dele ao não se lembrar das regras dos inúmeros jogos de baralho, que era nosso costume jogar por tardes inteiras. Às vezes, ele esquecia o que tinha na geladeira ou outros detalhes corriqueiros e isso o deixava muito zangado. Mas minha avó , meu pai e meus tios pareciam ver tudo simplesmente como "coisa da idade". Em 1996 eu o vi pela última vez quando ele já estava em uma instituição fazia alguns anos. Ele já não falava e não me reconheceu . Quando saímos -- eu, minha avó e minha esposa --, ele nos seguiu. Até que parou como se não soubesse mais o que estava fazendo. E nós o vimos parado no fundo de um longo corredor com o olhar na nossa direção, mas perdido. Meu avô morreu no dia do meu aniversário de 30 anos, enquanto dormia. Ele tinha 83 anos.