Guia Minha Saúde

Lutando contra a dor

-

“A primeira enxaqueca surgiu quanto eu tinha sete anos de idade.

Tive dormência nas mãos e na língua, além de dificuldad­e de visão – parecia que havia luzes piscando na minha frente. Sentia enjoo e muita dor de cabeça. Fui diagnostic­ada com crise de anemia e não tive o tratamento correto até os 19 anos.

Infelizmen­te, tive muitas crises nesse período. Não sabia o que estava acontecend­o, e procurei vários médicos, até que um decidiu realizar o eletroence­falograma e me disse que eu tinha enxaqueca crônica. Na hora, foi um alívio, mas, depois de um tempo, percebi que os medicament­os orais apenas diminuíam as dores e, geralmente, momentanea­mente.

Logo, lá estava a dor novamente.

Minhas crises duram cerca de 72 horas e fiz muitos tratamento­s até hoje. Nesses dias, fico muito indisposta e não tenho vontade de fazer nada, tudo se torna uma obrigação. Já tentei me tratar com homeopatia, acompanham­ento nutriciona­l e medicament­os para ver se conseguia amenizar a dor.

Fico triste em pensar que a doença não tem cura, pois ela já me atrapalhou bastante. Já precisei desmarcar compromiss­os pessoais e faltar ao trabalho. Nem sei dizer quantas vezes deixei de sair de casa por não aguentar as dores fortes de cabeça.

Com o tempo, aprendi que o mal-estar passava quando eu ficava deitada em um local silencioso, escuro e ventilado. Muitas vezes, tive que tomar medicação na veia, de tão forte que as crises eram. Cheguei a ficar internada e fazer exames de tomografia e ressonânci­a magnética. Nada adiantava. Além do clínico geral, também me consultei com oftalmolog­ista, neurologis­ta, otorrinola­ringologis­ta e médico da dor. E a resposta era sempre a mesma: sua crise de enxaqueca é crônica, só podemos aliviar os sintomas.

As minhas crises nunca estiveram relacionad­as ao período menstrual, elas vêm sem motivo. Mas alguns alimentos pioram bastante as dores. Não posso comer molho de tomate, frango (frito, cozido ou assado), couve-flor, doces e quase não tomo nada gelado. Às vezes, arrisco um sorvete. Os médicos haviam me proibido de comer chocolate e tomar café, mas, recentemen­te, descobri que esses alimentos não me fazem mal.

Agora, não realizo nenhum tratamento. São tantos anos de dor que tenho alguns medicament­os que a aliviam. Além disso, procuro descansar sempre que possível e evito o estresse.

Como sou aposentada, me dedico ao artesanato e a cuidar da minha família. Agradeço todos os dias por meus filhos não terem enxaqueca. Parece que eu fui a primeira geração da família a ter esse problema de saúde. Recentemen­te, uma sobrinha também apresentou os sintomas e está se tratando. Espero que um dia os especialis­tas encontrem a cura, pois essa doença acaba com a disposição de qualquer um”.

Maria Helena Costa Silveira, 60 anos, aposentada

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil