CROSSFIT ENDURANCE
Batizada de CrossFit Endurance, nova versão da modalidade promete aumentar a resistência e a eficiência na corrida. Para melhor a performance, diz o criador, não é preciso correr tanto, mas é preciso, sim, suar mais a camisa fazendo exercícios
A modalidade desenhada para melhorar a performance
Se a sua ideia é participar de uma maratona ou baixar os seus tempos nos 21 km ou 42 km, seu sabadão ou domingão de manhã certamente são preenchidos por um longão que, no caso da maratona, pode chegar a 30 km ou um pouquinho mais que isso. O objetivo é não apenas acostumar o corpo e a cabeça a passarem mais de duas horas correndo como treinar o organismo a usar mais os depósitos de gordura como fonte de energia, poupando os estoques de carboidrato, que são limitados. Essa é uma estratégia que não permite escapadas, não é mesmo? Não para o treinador americano Brian MacKenzie, que já trabalhou com atletas de ponta em diversas modalidades, como corrida e ciclismo, incluindo medalhistas olímpicos e campeões mundiais. Para ele, menos é mais. MacKenzie defende que não é pre- ciso correr um volume tão alto assim. Até porque, diz, os longos são entediantes, esgotam e fazem com que o corredor fique mais propenso a padecer de alguma lesão. Ele prega que dá para substituir boa parte da alta quilometragem exigida nos treinos para esportes de longa distância (de resistência, portanto) por trabalho de força, movimentos funcionais e trabalho de técnica de corrida. Mas tudo feito em altíssima intensidade.
“Nossa metodologia consiste em focar, a princípio, na preparação física do indivíduo e na técnica de corrida, que depois é testada sob pressão, aumentando a intensidade dos exercícios. Por fim, estimulamos a sua resistência, fazendo com que ele execute a técnica sob estresse e com mais sobrecarga, elevando o tempo e o volume dos treinos”, explica Jeff Ford
Foi assim que surgiu o CrossFit Endurance (CFE), modalidade que lembra muito o CrossFit (até porque muitos dos exercícios do WOD são iguais), mas totalmente voltada a quem pratica esportes de resistência, como meia ou maratona, ciclismo, natação e triatlo. “Nossa metodologia consiste em focar, a princípio, na preparação física do indivíduo e na técnica de corrida, que depois é testada sob pressão, aumentando a intensidade dos exercícios. Por fim, estimulamos a sua resistência, fazendo com que ele execute a técnica sob estresse e com mais sobrecarga, elevando o tempo e o volume dos treinos”, explica Jeff Ford, que já participou duas vezes do Ironman, é head coach do CrossFit Endurance e trabalha diretamente com MacKenzie. Mas que fique claro: os idealizadores do CEF não são contra longões. Só defendem que não é preciso encarar a receita tradicional, ou seja, correr por horas e horas. Para eles, um trabalho de velocidade aliado a um de força é tão ou mais eficiente que um longo. “Os corredores apresentam melhora no desem- penho e na diminuição do tempo nas provas e há uma grande redução do risco de o atleta se machucar”, afirma Diego Zanon, personal trainer, especialista em fisiologia do exercício e head coach do CrossFit Enseada, em Vitória (ES), que tem certificação em CFE.
Aliás, o quesito lesões é um dos que mais merece destaque. “Pesquisas mostraram que cerca de 80% dos corredores se machucam ao menos uma vez por ano, e a maioria dos casos está ligada ao excesso de exigência continuada do corpo, algo que acontece, claro, quando se corre. Além de o CFE diminuir o tempo que o atleta fica correndo, o que minimiza o risco de lesões, ele ensina o corredor a dar as passadas da maneira ideal, reduzindo o impacto, especialmente sobre tornozelos, joelhos, quadril e coluna lombar, áreas que sofrem com esse esporte”, explica. Isso tudo sem falar que o trabalho de reforço muscular faz com que o corpo tenha mais condições de encarar uma prova pesada. “Os exercícios de CrossFit implicam no uso do sistema aeróbico e do anaeróbico, diferentemente do que acontece na corrida, que usa principalmente o aeróbico.
“O CrossFit Endurance reduz o tempo que o atleta passa correndo, diminuindo o risco de lesões, além de ensiná-lo a dar as passadas da maneira ideal, reduzindo o impacto sobre tornozelos, joelhos, quadril e lombar”, explica Diego Zanon
Além disso, o aluno faz movimentos laterais e de rotação, que preparam áreas do corpo que normalmente não são muito trabalhadas durante as passadas, já que ele mexe as pernas e os braços apenas em um plano, para frente e para trás. Tudo isso resulta na melhora da velocidade, da coordenação e da força”, diz Fabio Cezar, coach de CrossFit na Academia Bodytech do Shopping Eldorado, em São Paulo ( SP). De acordo com Brian MacKenzie, outra vantagem para quem adere ao CFE é que há um aumento na produção do hormônio do crescimento, que ajuda a conter a perda muscular que acontece naturalmente à medida que os anos avançam e o metabolismo vai para as alturas, ele- vando a queima de gordura e melhorando a composição corporal. O resultado é um melhor equilíbrio da massa magra e da gorda, o que é muito importante para o desempenho nas pistas. Apesar de o CFE ser destinado especialmente aos corredores, ele oferece benefícios para atletas de outras modalidades. “Ele foi desenvolvido para todos os esportes de resistência, como o ciclismo e a natação, entre outros, mas a nossa especialidade é ensinar a técnica de corrida porque se trata de uma modalidade que muita gente pratica e acha que sabe fazer da maneira correta, por isso sai dando passadas a esmo por aí”, diz Ford. Para quem quiser aderir, os treinadores indicam que os pratican- tes corram apenas 3 vezes por semana e façam os treinos de CrossFit nos 4 dias adicionais. “A maior parte do trabalho específico é feita a 80% da intensidade máxima, o que permite que o atleta trabalhe de maneira mais pesada e inteligente em um espaço de tempo menor para desenvolver resistência”, explica. “É muito importante que o corredor respeite todas as etapas iniciais de preparação para que possa praticar a atividade que escolheu por mais tempo, com melhor desempenho e mais segurança e só progredir com o aval do treinador”, recomenda Diego Zanon. Agora que você já descobriu todos os benefícios do CFE, calce o tênis e siga este WOD criado por Jeff Ford especialmente para a Sport Life.