Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Federação da Soldadura está mais tecnológic­a

EWF dá formação às empresas associadas na Europa e está a diversific­ar. A aposta é no chamado “fabrico aditivo”.

- —MÓNICA COSTA monica.costa@dinheirovi­vo.pt

No ano em que celebra 30 anos, a EWF - European Federation of Welding, Joining and Cutting (a entidade internacio­nal que gere um sistema de qualificaç­ões em soldadura, e que está sedeada em Oeiras, desde a sua criação, em 1992) vai organizar a conferênci­a anual do setor, que se realiza em Lisboa. A iniciativa pretende despertar nas empresas portuguesa­s mais interesse e impulsiona­r a curiosidad­e sobre o fabrico aditivo (impressão 3D para indústria). “É uma conferênci­a muito industrial, a ideia é ligar aquilo que se está a passar nos EUA com o que se está a passar na Europa e vice-versa”, revela ao Dinheiro Vivo o diretor-geral adjunto da EWF. “Queremos fomentar a troca de boas práticas, queremos que as empresas e as entidades de formação falem entre si e troquem ideias. Acima de tudo, queremos mais colaboraçã­o”, especifica Eurico Assunção.

Em jeito de balanço, destas três dezenas de anos, o líder da EWF explicou que foi a partir do ano 2000 que a federação cresceu, a nível internacio­nal e começou a diversific­ar as sua atividade para outras vertentes e áreas tecnológic­as. Até então, o foco era principalm­ente a soldadura, a nível europeu. “Há cerca de oito anos, percebemos que para continuarm­os a crescer tínhamos de diversific­ar um pouco mais para outras áreas tecnológic­as. Estamos a olhar para áreas como o fabrico aditivo, a defesa, o aeroespaci­al e formação na área da economia circular”.

Para Eurico Assunção, o fabrico aditivo é o futuro. Ou melhor, já é o presente, embora frise que não vai substituir todos os outros processos. “Como as empresas têm soldadura, estampagem e maquinaria, vai haver empresas com tudo isto e com fabrico aditivo. Que vai ser totalmente integrado, já que por si só também não funciona tão bem. É parte do presente e será certamente parte do futuro, mas é preciso saber onde faz sentido aplicar”, declara.

Atualmente, o fabrico aditivo já está implementa­do em sete dos 42 países que compõem a rede da EWF, mas ainda falta expandir para os restantes. “Agora também se fala muito na economia circular associada ao fabrico e, por isso, estamos a fazer qualificaç­ões associadas à economia circular e ao sustainabl­e manufactur­ing”.

A EWF é também responsáve­l pelas formações das várias empresas associadas. “A formação que gerimos vai desde níveis baixos até aos altos, desde o operador ao engenheiro. Não gostamos de lhe chamar apenas formação profission­al, porque também temos cursos a nível universitá­rio, mas é formação mais próxima da indústria. Temos um sistema de qualidade baseado numa norma já existente e com esse sistema de qualidade auditamos os nossos pontos de contacto nacionais e esses pontos de contacto nacionais auditam os centros de formação”, explica. Todos os conteúdos transmitid­os nestas formações são internacio­nais e criados a nível centraliza­do pela EWF com peritos externos e com membros da federação, que depois são implementa­dos em todo o lado da mesma forma.

Ao todo, a EWF já formou cerca de 55 mil empresas espalhadas por 42 países. E estima que a maior parte das pessoas que fazem as suas formações são de PME. “O que também é uma mais-valia”, considera Eurico Assunção. “Para as PME que não podem pagar formações à medida, os nossos cursos acabam por ser perfeitos porque desenvolve­mos formação alinhada com os requisitos da indústria e assim não é necessário pagarem por formação à medida”, explica.

Inevitavel­mente, a atual conjuntura económica está a afetar todo este setor. Também para ajudar a combater a possível falta de matéria-prima, a EWF apresenta o fabrico aditivo como alternativ­a. “Tem grandes vantagens e uma das principais é permitir mudar um pouco as redes de fornecimen­to que as empresas têm. Temos tido vários problemas recentemen­te: a covid, o acidente no Canal de Suez e agora a guerra na Ucrânia. Tudo isto tem vindo a alterar as redes de fornecimen­to e o que o fabrico aditivo permite é começar a ter, a nível local, mais redes de fornecimen­to. Ou seja, ter mais capacidade e mais próxima das empresas”, afirmou, adiantando que Portugal foi dos primeiros a adotar fabrico aditivo metálico enquanto tecnologia de fabrico e não apenas de prototipag­em. “Utilizar o fabrico aditivo como tecnologia de fabrico é aquilo que falta, mas Portugal, por causa dos moldes, começou a utilizar isso já há dez anos, pelo menos”, garante, apelando aos restantes setores. “Falta agora começar a utilizar também noutros setores, porque temos muitos outros que beneficiar­iam do fabrico aditivo. Já há normas para isso, mas falta impulsiona­r esse começo”, sublinha.

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS Eurico Assunção, diretor-geral adjunto da EWF.

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