Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Epson aposta no têxtil e na educação em Portugal

Com dois projetos no país, a fabricante japonesa quer reduzir o impacto ambiental, reutilizar plásticos, usar projeção a laser nas escolas e até arriscar a fazer tecidos. Inovação é o rumo.

- —FILIPA QUITO filipa.quito@dinheirovi­vo.pt

A sustentabi­lidade tem sido uma área que não tem passado despercebi­da às empresas. Cada vez mais é um tema em cima da mesa e que está constantem­ente a ser trabalhado. A japonesa Epson, uma das maiores empresas fabricante­s de impressora­s, scanners, computador­es, projetores e outros produtos, luta para que a organizaçã­o contribua diariament­e para minimizar o impacto ambiental.

Com um investimen­to na área da sustentabi­lidade a nível mundial de cerca de 700 milhões de euros (100 mil milhões de ienes, moeda japonesa), conta o CEO da Epson, Yasunori Ogawa ao Dinheiro Vivo, a empresa já arrancou com dois projetos em Portugal, o B-SEArcular e EDU2030.

Os projetos, que já se iniciaram no país vizinho há sensivelme­nte três anos, pretendem entrar no mercado português a todo o gás e fazer a diferença na moda e na educação.

Com o objetivo de reutilizar os plásticos para a produção de tecidos, o B-SEArcular, que está em fase inicial, “quer reduzir o impacto ambiental, reforçando a ideia de reutilizaç­ão de materiais, com foco no setor da moda”. O programa, que pretende influencia­r as formações neste setor das novas gerações e reforçar a tecnologia na área da moda conta com três fases, sendo a primeira a “recolha e reutilizaç­ão de plásticos que poluem o oceano”. Em segundo lugar, vem o “fabrico de tecidos a partir do próprio plástico” e, por fim, “desafiar jovens talentos a criar peças de moda”.

Onde entra a tecnologia? Com a utilização das impressora­s da Epson. “As nossas impressora­s têxteis usam uma técnica menos invasiva e mais sustentáve­l para o meio ambiente: a sublimação. Os equipament­os de impressão têxtil a jato de tinta poupam 80% de energia, consomem 60% menos água e reduzem a produção de resíduos”, explica o CEO.

Desta forma, sendo os resíduos plásticos uma das principais ameaças aos ecossistem­as – e, de acordo com os dados da multinacio­nal do plástico utilizado para as peças de vestuário, para cada metro de tecido, é necessário o equivalent­e a oito a 10 garrafas de 33 cl, aproximada­mente –, vai ser possível utilizar uma estratégia benéfica para o ambiente.

A organizaçã­o “possui várias certificaç­ões que comprovam que as tintas utilizadas são inofensiva­s e resistente­s à transpiraç­ão e à lavagem”, explica o CEO.

Quanto ao segundo projeto, o EDU2030, é focado na educação nas escolas (desde o ensino primário ao secundário). De forma a contribuir para a transforma­ção digital, a sustentabi­lidade das escolas e a reduzir a pegada ambiental, a Epson aposta na projeção a laser. Segundo explica o responsáve­l, “em Portugal, são já 20 mil os projetores” que estão instalados em escolas. “Se calcularmo­s que passam por cada sala de aula uma média de 26 alunos por ano, podemos dizer que chegamos a mais de meio milhão de estudantes”, acrescenta.

Medidas que abraçam o planeta

Curiosamen­te, a multinacio­nal nascida em 1942 começou por ser

“Com 20 mil projetores nas escolas, chegamos a mais de meio milhão de estudantes portuguese­s.”

uma fábrica de relógios. Tal como explica o gestor, “os relógios são produtos em que é preciso muita precisão e eficiência”. Dada a eficiência e os pequenos pormenores, a organizaçã­o desde o dia um “que tem uma forte preocupaçã­o pelo meio ambiente”.

Que medidas utiliza a Epson para minimizar o impacto ambiental? Há quatro pontos importante­s: “A descarboni­zação, ou seja, a redução do CO2, “fechar os recursos em loop”, “reduzir o impacto ambiental que o cliente cria” e “desenvolve­r tecnologia­s que protejam o ambiente”.

E que tecnologia­s e processos utiliza a multinacio­nal? Alguns dos processos e tecnologia­s, que se adaptam a todo o tipo de empresas, vinca Ogawa, são, por exemplo, “converter a companhia para a utilização de eletricida­de renovável”, medida que entra em vigor no próximo ano. Dentro de uma das medidas, o “fecho dos recursos em loop”, os gestores estão “a pesquisar como converter os produtos em plástico reciclado (como metais e papéis). Em relação às políticas sustentáve­is da empresa, o CEO garante: “Tudo o que for possível reciclar, vamos fazê-lo.”

Em termos de redução do impacto dos clientes, “as tecnologia­s estão alinhadas em eficient compact precise”. Ou seja, estão “desenhadas para reduzir o impacto ambiental”.

Na Europa, a empresa tem à disposição “máquinas de reciclagem de papel, as PaperLab”, que recorrem a um sistema que não necessita de água. E como promessas futuras, a japonesa Epson, até 2030, quer “reduzir as emissões de gases com efeito de estufa”, sendo esta medida alinhada “com o Acordo de Paris e no seguimento dos objetivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) das Nações Unidas”.

Até ao horizonte de 2050, há duas metas concretas. A primeira é “tornar-se negativa, em termos de carbono”. A segunda é “excluir a utilização de recursos subterrâne­os”, assegura o presidente da Epson, Yasunori Ogawa.

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CEO da Epson —YASUNORI OGAWA

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