Venda de 25% do retalho vai puxar pelo valor da Sonae
A dispersão em bolsa do negócio de retalho da Sonae vai dar maior visibilidade a esta unidade de negócio, bem como dar margem de crescimento à casa-mãe. Os analistas antecipam ainda uma forte procura na operação.
Abolsa de Lisboa vai receber mais uma empresa até ao final do ano. A Sonae confirmou esta quarta-feira que vai avançar com a colocação em bolsa da Sonae MC no quarto trimestre. A operação será destinada a investidores particulares e institucionais, numa operação que os analistas aplaudem, argumentando que valoriza o grupo.
“A Sonae SGPS prevê oferecer uma participação minoritária a investidores não qualificados e qualificados, mantendo-se o accionista de referência da Sonae MC”, adiantou a Sonae em comunicado. No mesmo documento em que deu alguns detalhes sobre a dispersão em bolsa da divisão de retalho, a companhia anunciou que tem “como objectivo atingir um ‘free-float’ mínimo de aproximadamente 25%” e que espera que a oferta pública inicial (IPO, na sigla anglo-saxónica) ocorra no último trimestre de 2018.
O IPO oferece uma maior visibilidade sobre esta unidade de negócio, o que poderá impulsionar a sua avaliação e a avaliação de todo o grupo.
BANKINTER
O IPO deverá trazer não só um reforço de capital que, por sua vez, permitirá explorar novas oportunidades de crescimento, como também uma maior autonomia e capital independente.
BIG
A intenção de dispersar o negócio do retalho já era conhecida desde Maio, no entanto, desconheciam-se os moldes em que iria decorrer a operação e se esta seria vedada ou não a pequenos investidores. Para os analistas, a estratégia da Sonae faz sentido, adiantando que o IPO deverá dar maior visibilidade ao retalho, bem como ajudar a companhia a diversificar a sua base de investidores.
“Acreditamos que o IPO terá uma sólida procura nacional e internacional, por parte de investidores institucionais e de retalho”, adiantou a equipa de “research” do BiG. Os especialistas destacam ainda que “o IPO deverá trazer não só um reforço de capital que, por sua vez, permitirá explorar novas oportunidades de crescimento, como também conferirá uma maior autonomia e capital independente, com uma estrutura accionista mais diversificada e política de dividendos alinhada com as restantes empresas do sector de retalho”.
O portefólio de retalho sujeito à entrada em bolsa inclui a Sonae MC, o negócio líder de mercado na área de retalho alimentar, e a Sonae RP, a entidade que gere a propriedade imobiliária de retalho da Sonae. Para o Bankinter, a operação “oferece uma maior visibilidade sobre esta unidade de negócio, o que poderá impulsionar a sua avaliação e, consequentemente, a avaliação de todo o grupo”. Ainda assim, o banco refere que “é expectável que a procura dos investidores se concentre nas acções Sonae MC”. Também Rui Bárbara, do Banco Carregosa, realça que “esta dispersão vai dar mais visibilidade ao valor das partes, permitindo à Sonae realizar um encaixe com o seu principal activo”.
ASonae Retalho ainda não chegou ao mercado, mas a expectativa é que a empresa venha a ter uma das maiores capitalizações bolsistas do PSI-20. Albino Oliveira, analista da Patris Corretora, refere que a companhia “poderá no futuro assumir-se como um título importante cotado na bolsa portuguesa”. “O valor implícito na cotação para o total do grupo Sonae para este negócio cuja colocação em bolsa irá agora ter lugar poderá situar-se acima de 1000 milhões de euros”, mas a avaliação do mercado poderá ser superior, diz o mesmo analista. Numa nota divulgada em Maio, o Haitong avaliava a empresa em 1,8 mil milhões de euros.