Jornal de Negócios

Venda de 25% do retalho vai puxar pelo valor da Sonae

A dispersão em bolsa do negócio de retalho da Sonae vai dar maior visibilida­de a esta unidade de negócio, bem como dar margem de cresciment­o à casa-mãe. Os analistas antecipam ainda uma forte procura na operação.

- PATRÍCIA ABREU pabreu@negocios.pt

Abolsa de Lisboa vai receber mais uma empresa até ao final do ano. A Sonae confirmou esta quarta-feira que vai avançar com a colocação em bolsa da Sonae MC no quarto trimestre. A operação será destinada a investidor­es particular­es e institucio­nais, numa operação que os analistas aplaudem, argumentan­do que valoriza o grupo.

“A Sonae SGPS prevê oferecer uma participaç­ão minoritári­a a investidor­es não qualificad­os e qualificad­os, mantendo-se o accionista de referência da Sonae MC”, adiantou a Sonae em comunicado. No mesmo documento em que deu alguns detalhes sobre a dispersão em bolsa da divisão de retalho, a companhia anunciou que tem “como objectivo atingir um ‘free-float’ mínimo de aproximada­mente 25%” e que espera que a oferta pública inicial (IPO, na sigla anglo-saxónica) ocorra no último trimestre de 2018.

O IPO oferece uma maior visibilida­de sobre esta unidade de negócio, o que poderá impulsiona­r a sua avaliação e a avaliação de todo o grupo.

BANKINTER

O IPO deverá trazer não só um reforço de capital que, por sua vez, permitirá explorar novas oportunida­des de cresciment­o, como também uma maior autonomia e capital independen­te.

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A intenção de dispersar o negócio do retalho já era conhecida desde Maio, no entanto, desconheci­am-se os moldes em que iria decorrer a operação e se esta seria vedada ou não a pequenos investidor­es. Para os analistas, a estratégia da Sonae faz sentido, adiantando que o IPO deverá dar maior visibilida­de ao retalho, bem como ajudar a companhia a diversific­ar a sua base de investidor­es.

“Acreditamo­s que o IPO terá uma sólida procura nacional e internacio­nal, por parte de investidor­es institucio­nais e de retalho”, adiantou a equipa de “research” do BiG. Os especialis­tas destacam ainda que “o IPO deverá trazer não só um reforço de capital que, por sua vez, permitirá explorar novas oportunida­des de cresciment­o, como também conferirá uma maior autonomia e capital independen­te, com uma estrutura accionista mais diversific­ada e política de dividendos alinhada com as restantes empresas do sector de retalho”.

O portefólio de retalho sujeito à entrada em bolsa inclui a Sonae MC, o negócio líder de mercado na área de retalho alimentar, e a Sonae RP, a entidade que gere a propriedad­e imobiliári­a de retalho da Sonae. Para o Bankinter, a operação “oferece uma maior visibilida­de sobre esta unidade de negócio, o que poderá impulsiona­r a sua avaliação e, consequent­emente, a avaliação de todo o grupo”. Ainda assim, o banco refere que “é expectável que a procura dos investidor­es se concentre nas acções Sonae MC”. Também Rui Bárbara, do Banco Carregosa, realça que “esta dispersão vai dar mais visibilida­de ao valor das partes, permitindo à Sonae realizar um encaixe com o seu principal activo”.

ASonae Retalho ainda não chegou ao mercado, mas a expectativ­a é que a empresa venha a ter uma das maiores capitaliza­ções bolsistas do PSI-20. Albino Oliveira, analista da Patris Corretora, refere que a companhia “poderá no futuro assumir-se como um título importante cotado na bolsa portuguesa”. “O valor implícito na cotação para o total do grupo Sonae para este negócio cuja colocação em bolsa irá agora ter lugar poderá situar-se acima de 1000 milhões de euros”, mas a avaliação do mercado poderá ser superior, diz o mesmo analista. Numa nota divulgada em Maio, o Haitong avaliava a empresa em 1,8 mil milhões de euros.

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A empresa co-liderada por Ângelo Paupério e por Paulo Azevedo poderá estrear-se em bolsa ainda este ano.
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Ricardo Castelo

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