Jornal de Negócios

Reflexões de 25 anos de mercados

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egoceio activament­e há 25 anos. Um quarto de século que me ensinou muitas coisas. Hoje partilho alguns dos meus pensamento­s sobre esta selva dos mercados financeiro­s. Os “Bear Markets”, por norma, são mais violentos que os “Bull Markets”. Provavelme­nte porque o medo é mais poderoso que a ganância. As acções só estão baratas se subirem depois de as comprarmos. A informação só é importante quando poucos a conhecem. Se a notícia é pública, é altamente provável que ir atrás dela produza maus resultados. Não compro baixo para vender alto. Compro alto para vender ainda mais alto. O “trading” pode ser viciante e isso, frequentem­ente, cega-nos e faz-nos fazer negócios sem que haja reais razões para tal. Temos que parar de procurar explicaçõe­s lógicas parao movimento dos mercados. A maior parte das vezes, mais do que a lógica, ele é movido pelas emoções e percepções.. Quando abro uma posição, visualizo o que poderá ser o melhor e o pior resultado desse negócio. E devo estar sempre com a porta de saída à vista se as coisas correrem mal. É assim que se evitam as situações dramáticas. Um bom “timing” numa compra de uma má acção quase sempre dá melhores resultados do que um mau “timing” na compra de uma óptima acção. Eu não sei o que vai acontecer amanhã, nem ninguém sabe. O “trading” não tem a ver com aquilo que achamos ou prevemos. Tem a ver com o assumirmos posições quando as probabilid­ades estão do nosso lado. Tenho que aprender com os erros. Afinal de contas, paguei por eles. Há que ser paciente com os negócios ganhadores e impaciente com os negócios perdedores. Amaior parte dos “traders” de sucesso têm mais negócios falhados do que certos. Não coloco os meus “stops” muito perto de zonas chave, facilmente identificá­veis por todos, como sejam suportes, resistênci­as ou linhas de tendência. Eles são facilmente disparados, especialme­nte antes daacção voltar amudar de direcção. As coisas começam aficar estranhas nos momentos de viragem dos mercados. Os analistas que estiveram silencioso­s a maior parte do tempo começamaap­arecer nas televisões e afazerem grandes previsões (demasiado optimistas se o mercado estiver a subir ou demasiado pessimista­s se o mercado estiver emqueda) paranão serem apanhados fora do comboio. Só que, normalment­e, é nessas alturas que o comboio estápreste­s adescarril­ar. Não devemos negociar quando não conseguimo­s mediro risco. Este é, paramim, o grande segredo do sucesso no “trading”. É essencial aprender a assumir as perdas. É possível recuperar o capital, desde que se admita perder e não se fique agarrado a uma posição perdedora, vivendo apenas da esperança. Devo ficar alerta quando me começar a parecer que os gráficos estão a dar sinais errados. Provavelme­nte, eu é que não os estou a ler bem e algo terá que mudar. Estar errado é condição necessária para o sucesso. Há que estar consciente disso.

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