Greve de zelo obriga TAP a cancelar voos
Pilotos recusam fazer horas extra e trabalhar nas folgas.
ATAP voltou nos últimos dias a registar dezenas de cancelamentos de voos, à semelhança do que já tinha acontecido no período da Páscoa, situação que foi justificada pela companhia aérea apenas com “questões operacionais”. A empresa não revela as razões que estão na origem destes cancelamentos – 44 de e para Lis- boa entre as 22:00 de sábado passado e as 13:00 desta segunda-feira, segundo a agência Lusa –, o Governo não comenta e o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) remete-se igualmente ao silêncio. Fontes contactadas pelo Negócios garantem que não há nenhum protesto organizado pelos pilotos, mas sim uma espécie de “greve de zelo” por causa da negociação do Acordo de Empresa. Vários destes profissionais estão a recusar fazer horas extraordinárias e trabalhar em dias de folga, o que face ao crescimento que a operação da TAP vem registando resulta na não realização de ligações previstas. A 15 de Março os pilotos mandataram a direcção do SPAC para prosseguir as negociações com a companhia aérea. Segundo um comunicado do sindicato divulgado após a reunião, citado pela agência Lusa, “essas negociações têm a ver com matérias relacionadas com o regulamento de contratação externa e a actualização salarial”. Na ordem de trabalhos da assembleia-geral estava ainda a análise da “situação de incumprimento” pela TAP do Acordo de Empresa relativo ao regulamento de contratação externa e a actualização salarial, bem como medidas “para a resolução da situação de depreciação sa- larial dos pilotos”, segundo foi então noticiado. A agravar a “greve de zelo” estão problemas no planeamento deixado pelo anterior responsável pelas operações da TAP, Jason Ward, que esteve na companhia entre Setembro de 2015 e Dezembro de 2017. De acordo com fontes contactadas pelo Negócios, o cálculo das tripulações necessárias para realizar os voos planeados foi mal feito, o que faz com que esta “greve de zelo” tenha implicações mais fortes. Perante esta situação a companhia afirma apenas: “Lamentamos os cancelamentos, devido a questões operacionais, e estamos a fazer tudo para reacomodar os passageiros noutros voos e minimizar o impacto causado.” Já o Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas diz não ter comentários a fazer. Os cancelamentos registados na altura da Páscoa tinham já levado o CDS a questionar o gabinete de Pedro Marques sobre os mais de 30 voos cancelados nessa altura em Lisboa. O deputado Hélder Amaral perguntava ao Governo os motivos dos cancelamentos e as medidas tomadas pelo Executivo no sentido de resolver a situação, questões que não obtiveram ainda resposta. Esta segunda-feira o PSD pediu a audição, no Parlamento, da admi-
Lamentamos os cancelamentos, devido a questões operacionais, e estamos a fazer tudo para reacomodar os passageiros noutros voos e minimizar o impacto causado. TAP Fonte oficial
Só da Madeira, numa semana, foram cancelados 10 voos da TAP. PAULO NEVES Deputado do PSD
nistração da TAP para dar explicações sobre os cancelamentos de voos, incluindo da Madeira, e o CDS -PP quer ouvir o ministro do Planeamento. Em declarações à Lusa, o deputado social-democrata Paulo Neves considerou “completamente inadmissível” a situação dos atrasos, nomeadamente para as regiões autónomas, da Madeira e dos Açores, prejudicando milhares de pessoas. O CDS -PP também quer a questão em análise na Assembleia da República, pretendendo ouvir o ministro do Planeamento e Infra-estruturas na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.