Grupo belga investe 200 milhões em lares de idosos
Grupo SIS vai criar uma rede de 14 residências espalhadas pelo país e contratar 900 pessoas.
Ogrupo SIS, com sede na Bélgica, tem em curso um investimento avaliado em mais de 200 milhões de euros para criar uma rede de residências para idosos em Portugal, que estará 100% operacional até final de 2019. Nesta primeira fase, o plano envolve um total de 14 empreendimentos: quatro já comprados a outros operadores e em funcionamento; e uma dezena a serem construídos de raiz, com localizações de norte a sul. Por trás deste investimento, que lhe dará a liderança de mercado nas chamadas residências lucrativas para a terceira idade, com um total de mil camas e deixando “a larga distância” os concorrentes grupo Mello e Montepio, está Philippe Austruy. Um multimilionário francês que nas últimas décadas liderou projectos na área da saúde privada e das dependências em vários países, que lhe renderam uma fortuna avaliada em 500 milhões de euros, a 169.ª maior em França no “ranking” da revista Challenges. O empresário, que há 12 anos agregou participações numa “holding” familiar com sede na Bélgica, contou ao Negócios que encontrou em Portugal um sistema público (incluindo as parcerias com IPSS) que assegura o essencial da resposta – quota de 80% –, com “boa vontade, mas meios limitados”. E do lado privado uma presença escassa, composta sobretudo por estruturas pequenas (54% têm menos de 25 lugares) e “não tão confortáveis” quanto as que propõe: com um mínimo de 85 quartos por unidade, localização urbana, com serviços mé- dicos e um terço das vagas destinadas a doentes com Alzheimer. Além desta falha na oferta, acrescentou, “o imobiliário não estava muito caro e [começou] em 2014 a comprar terrenos bem situados nas cidades”. Assinou o primeiro na Foz do Douro (Montebelo) e o último, há apenas três meses, em Portimão. O desenvolvimento das infra-estruturas está por inteiro a cargo do grupo SIS, que depois vai arrendar os imóveis a uma empresa participada pela Orpea. O grupo espalhado por 12 países, que gere um total de 86.650 camas e reclama a liderança europeia no segmento, começa com 49% do capital dessa sociedade de exploração – e “a prazo será a principal accionista”.
Chamar bancos portugueses
De acordo com a Informa D&B, a facturação das residências lucrativas cresceu 4% em 2017, para 290 milhões de euros, num total de 726 centros com 21 mil lugares. Juntando as outras 1.720 entidades não lucrativas – neste grupo 497 são de Misericórdias –, a capacidade total dos lares portugueses em Março de 2018 era de 96.305 lugares, uma média a rondar 40 por unidade. Com quase 50 milhões de euros já comprometidos, Philippe Austruy detalhou ao Negócios que metade do investimento vai ser realizado com financiamento alheio. Inclusive levantado em Portugal, onde prevê empregar mais de 900 pessoas – os primeiros a recrutar, até final deste ano, são os futuros directores dos lares. “O BNP Paribas e o Banque Populaire querem que os bancos portugueses participem para se sentirem mais confortáveis para acompanhar o projecto”, resumiu o multimilionário francês, que a Le Point apresentou em Janeiro como “o primeiro repatriado fiscal da era Macron”, ainda que mantenha o coração dos negócios em Bruxelas.