José Avillez, o chef com apetite por restaurantes
Sonhou ser carpinteiro e arquitecto. Acabou na cozinha e tornou-se o mais estrelado chef português. Em sete anos, José Avillez montou um ávido grupo de restauração, com duas dúzias de restaurantes e o apoio de uma das famílias mais ricas do país.
Acaba de comprar cinco restaurantes no Porto que se vão juntar aos 18 que já possuía.
Nasceu no seio de uma família com brasão, em 24 de Outubro de 1979, em Lisboa. Filho de José Burnay Nunes Ereira, trineto do 1.º conde de Burnay, e de Maria de Fátima de Miranda de Avillez, trineta do 1.º visconde do Reguengo e 1.º conde de Avillez, José de Avillez Burnay Ereira deixou cair a herança onomástica pa- terna e tornou José Avillez numa marca, um modelo de negócio que dá corpo a um império gastronómico daquele que é o mais estrelado chef português. Órfão de pai aos sete anos, José foi viver para uma quinta do avô, perto da praia do Guincho. Andava sempre com uma caixa de ferramentas. Gostava de fazer trabalhos manuais. Tinha o sonho de ser carpinteiro, mas um primo mais velho convenceu-o de que, se queria ganhar dinheiro, o melhor seria tornar-se arquitecto. José até tinha jeito para a coisa, pois, com 17 anos, foi o autor dos canis que acolhiam os cães da quinta. Aos 18 anos já se via como um empreendedor, sonhando criar o seu próprio negócio. Optou por licenciar-se em Comunicação Empresarial. Habituado até ao momento a cozinhar para família e amigos, em 2001 entra na cozinha da Fortaleza do Guincho, em Cascais, para iniciar o seu primeiro estágio profissional. Trabalhou 14 horas por dia durante seis meses. Seguiram-se estágios em diversos restaurantes, em Portugal e no estrangeiro, tendo passado por cozinhas de grandes mestres mundiais, como Ferran Adrià, do espanhol famoso El Bulli. Em 2008, assumiu o lugar de chef executivo do histórico restaurante Tavares, em Lisboa, onde viria a ganhar a primeira estrela Michelin, em 2009. Em 2010, tudo mudou. Ana
Nunca sonhei chegar onde estou. JOSÉ AVILLEZ Chef de cozinha e presidente do Grupo José Avillez
Arié, pertencente a uma das famílias mais ricas de Portugal, que é detentora, entre outros negócios, da cadeia de perfumarias Perfumes & Companhia, tinha a ideia de criar um negócio de entrega de sanduíches em escritórios, tendo recorrido a José Avillez para um projecto de consultadoria. Em vez disso, o clã Arié entrou na empresa de Avillez para dar estofo financeiro a um projecto ambicioso na restauração. O primeiro restaurante do império foi o Cantinho do Avillez, em 2011, seguindo-se, no ano seguinte, o Belcanto, onde conseguiu duas estrelas Michelin. Hoje, o Grupo José Avillez tem 18 restaurantes. No Porto, onde só tem o Cantinho do Avillez, acaba de firmar a aquisição do grupo Cafeína, que é constituído por quatro restaurantes (Cafeína, Terra, Portarossa e Casa Vasco) na zona da Foz e um (o Panca) na Baixa. Com a integração do grupo Cafeína, que “factura mais de quatro milhões de euros, sem IVA”, o Grupo José Avillez passará de um efectivo de 550 pessoas para 668 trabalhadores. Em 2006, quando a Arié já controlava 45,9% do capital do Grupo José Avillez, o universo de restauração de chef e empresário Avillez, que tem dois filhos, fechou o exercício com uma facturação de 11,8 milhões de euros e lucros de 758 mil euros. José Avillez, que se tornou também uma estrela na televisão, rádio e revistas, farta-se de receber prémios – além das estrelas Michelin, ainda recentemente foi distinguido pela Academia Internacional de Gastronomia com o prémio Gran Prix de l’Art de la Cuisine. Sabendo-se que a restauração é um negócio difícil, num sector em que o nome do chef, por mais conceituado que seja, não é sinónimo de bom negócio, note-se que não há registos de encerramentos no Grupo José Avillez.