“Agenda extensa” pode dificultar compreensão
O líder da APREN, uma das associações do sector eléctrico avisa que não se pode avaliar decisões do passado como se fossem tomadas no presente.
O que esperar de uma comissão de inquérito às alegadas rendas excessivas da energia?
Esta não é a primeira, nem a última, comissão parlamentar de inquérito sobre a energia, que neste caso se concentra mais sobre a electricidade. O Parlamento tem o dever de inquirir sobre todos as questões que são fundamentais para o país e a energia não pode ser excepção. Faço votos que se chegue a conclusões tão objectivas e fundamentadas quanto possível, ouvindo de forma equilibrada todas as diferentes partes envolvidas e sem conclusões feitas antecipadamente. Pela nossa parte podem contar connosco.
Que riscos e vantagens podem trazer esta comissão? Pode haver problemas para o sector a nível de imagem, por exemplo?
A eventual vantagem desta comissão é a tentativa de ajudar a clarificar a realidade. O risco é a de que o resultado seja o oposto, pois a agenda é tão extensa e os assuntos tão diferentes e complexos que o cidadão pode não apreender a multiplicidade de números e argumentos que os intervenientes vão trazer para o debate. O comportamento dos diferentes intervenientes, Estado, empresas, reguladores, etc, é normalmente pautado pelas regras em vigor a cada instante. A demonstração de eventuais irregularidades ou disfunções exi- ge rigor e deve também constituir ocasião de reflexão de como poderemos organizar melhor um sector vital para Portugal. Não se deve, contudo, pretender que no passado as decisões tomadas com a melhor informação então disponível e com a tecnologia e riscos da altura, sejam iguais às que seriam tomadas hoje, em que tudo evoluiu a um ritmo alucinante e disruptivo, nas diferentes envolventes quer tecnológicas quer financeiras.
Sendo um tema complexo, o que pode ser feito para tornar a comissão de inquérito mais facilmente apreensível pelo público em geral?
Há muitos anos que ando a tentar simplificar a linguagem do sector da electricidade para que seja compreendido pelo público. Os resultados ainda não me satisfazem, mas não desisto de continuar. Sinceramente espero que esta CPI tenha mais sucesso nesta área, para bem da sociedade portuguesa.
Não se deve pretender que as decisões tomadas no passado com a melhor informação então disponível sejam iguais às que seriam tomadas hoje.