Jornal de Negócios

Executivo diz que preços da luz vão baixar mais

Ainda que haja questões externas a influencia­r, como os preços do petróleo, o Governo defende que a electricid­ade irá custar menos aos consumidor­es nos próximos anos. Um efeito mais forte do que o sentido em 2018.

- DIOGO CAVALEIRO

Osenhor Silva, quando recebe a factura da electricid­ade em casa, não lê uma descida expressiva dos preços. Este é um cenário que merece concordânc­ia da esquerda à direita. Mas, segundo o Governo, nos próximos anos, quando o senhor Silva abrir a correspond­ência já vai sentir preços menores. Sob críticas de que só vai ao Parlamento fazer anúncios mas sem mostrar concretiza­ções, o secretário de Estado da Energia assumiu esta terça-feira, na comissão de Economia, que os preços da electricid­ade vão descer. “Nós vamos baixar mais”. Em 2018, desceu 0,2%. Foi assim que Seguro Sanches respondeu ao deputado centrista Hélder Amaral, que o acusou de ir ao Parlamento fazer anúncios de cortes de encargos para o sistema financeiro, que não se reflectem depois na carteira do “senhor Silva”. O PSD alinhou na mesma ideia. O PCP, por Bruno Dias, também referiu que não sentiu nem o “senhor Silva nem os senhores Silvas todos”. Atendência dos preços, assegurou o secretário de Estado, é de descida e antecipa que isso vai acontecer por conta das suas decisões. Ainda assim, o governante avançou que “há questões que não podemos controlar, como o preço do petróleo”. Umdos contributo­s para a diminuição dos preços , disse, é a alteração da metodologi­a de cálculo dos encargos para o Estado nos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), assinados com os produtores de energia. Em vez de uma componente destes contratos ser assegurada por entendimen­to entre EDP e REN, passou aser aEntidade Reguladora dos Serviços Energético­s (ERSE) a definir. O que permite a poupança. “Olhando para a projecção anual dos valores, o valor previsto de pagamento dos CMEC, sem nenhuma alteração, é substancia­lmente reduzido”, frisou Seguro Sanches, referindo-se ao que seriapago se não tivesse sido aERSE a estabelece­r os encargos.

Compensar os consumidor­es

Os efeitos dos cortes nos CMEC nas facturas poder-se-iam já sentir este ano, mas Seguro Sanches argumentou que, em 2018, se está a pagar o ajustament­o dos CMEC de 2014, que uma decisão que atirou para o Governo de Passos Coelho passou para2017 e 2018. “Os consumidor­es ainda não sentiram [as poupanças], de forma tão forte como gostaríamo­s”, disse Seguro Sanches. “Só a partir de agora é que vamos sentir de forma mais eficaz”, concluiu. Aesquerda queria uma redução maior, concretiza­da através da nulidade dos contratos CMEC, e consequent­e devolução aos consumidor­es de 510 milhões de euros: foi este o valor que a ERSE considerou ter acrescido com o fim dos CAE – contratos de aquisição de energia – e introdução dos CMEC, um processo iniciado no Governo de Durão Barroso e concluído no de José Sócrates. Seguro Sanches não se compromete. Diz que, enquanto governante, respeita o que está definido. “Ficará para a história por quem foi feito”. Mas a dúvida do governante prende-se não com a transição dos CAE paraos CMEC, mas comapassag­em do que estava inicialmen­te previsto nos CMEC e o que acabou por ser implementa­do. Para a esquerda, isso quer dizer que além dos 510 milhões, haverá ainda mais para compensar os consumidor­es.

Os consumidor­es portuguese­s ainda não sentiram [as poupanças], de forma tão forte como gostaríamo­s. Só a partir de agora é que vamos sentir de forma mais eficaz.

Há questões que nós não podemos controlar, como o preço do petróleo. JORGE SEGURO SANCHES Secretário de Estado da Energia

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Bruno Simão O secretário de Estado da Energia assumiu no Parlamento que os preços da electricid­ade vão baixar mais.

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