Jornal de Negócios

Centeno pede aos ministros das Finanças para serem “ousados” e “levarem o euro a sério”

O próximo encontro dos líderes do euro será decisivo: sem acordos, a moeda única continuará vulnerável, defendeu Centeno. Presidente do Eurogrupo disse ainda que é favorável a um orçamento para o euro.

- MARGARIDA PEIXOTO

Temos de saber “até onde estamos disponívei­s para confiar uns nos outros”, frisou Mário Centeno.

Mário Centeno, presidente do Eurogrupo e o ministro das Finanças português, pediu esta terça-feira aos seus colegas do euro que sejam “ousados” e que “levem o euro a sério”. Em causa está a reforma e o aprofundam­ento da união económica e monetária. “Quando os nossos líderes se encontrare­m dentro de três semanas, temos de fazer uma escolha entre manter-nos vulnerávei­s na próxima crise, ou ser ousados e decidir levar o euro a sério”, disse Mário Centeno, no encerramen­to do Brussels Economic Forum. Centeno referia-se à reunião do Eurogrupo, agendada para 21 de Junho, onde é esperado que os ministros das Finanças da moeda única cheguem a um acordo sobre a reforma da zona euro. O presidente do Eurogrupo explicou que, quando tomou posse, as condições para alcançar um acordo sobre o plano de reformas do euro em seis meses pareciam todas reunidas: conjuntura de cresciment­o económico, ciclo político fresco em muitos países e memórias da crise, que impulsiona­vam a mudança. Fez uma pausa e reconheceu: “Não imaginam quão depressa as memórias da crise desaparece­m.” Como explicou, o Eurogrupo está centrado em chegar a acordo em dois pacotes de medidas sobre os quais o entendimen­to é maior: concluir a união bancária e reformar o Mecanismo Europeu de Estabilida­de (MEE). No que toca à conclusão da união bancária, Centeno sublinhou que há um acordo para implementa­r o backstop [rede de segurança] e que há “consenso alargado” para que este papel seja desempenha­do pelo MEE. Frisou ainda que este travão deverá chegar ao terreno “não depois de 2024”. O presidente do Eurogrupo argumentou que é preciso uma “estratégia credível” para prosseguir com a redução e a partilha de riscos. Deu nota da diminuição do malparado e referiu que pediu relatórios à Comissão Europeia e ao MEE para avaliar como é que os riscos poderão continuar a baixar. O objectivo será partir dos resultados destes estudos para a progressiv­a introdução de um fundo de garantia de depósitos europeu. Trata-se de saber “até onde estamos disponívei­s para confiar uns nos outros”, defendeu. Centeno aproveitou ainda para defender a criação de uma “capacidade orçamental para a zona euro”, que pode ser gerida no Orçamento da União Europeia, ou pelo MEE.

 ?? Pedro Catarino ?? Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, defendeu que “a impaciênci­a é a raiz dos populismos”.
Pedro Catarino Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, defendeu que “a impaciênci­a é a raiz dos populismos”.

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