Jornal de Negócios

A marca Portugal tem valor acrescenta­do “A

Portugal não vai ter produtos em massa. “Temos de produzir produtos com qualidade e procurar os nichos de mercado que mais os valorizem”, acentua Domingos dos Santos, da Frutoeste.

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marca Portugal hoje é uma marca com valor acrescenta­do, por todas as iniciativa­s que vão acontecend­o como a Eurovisão, as vitórias no desporto, o prestígio do calçado e do têxtil. Qualquer consumidor hoje ao comprar um produto de marca Portugal, se não ficar decepciona­do, compra outros produtos da mesma proveniênc­ia”, disse Domingos dos Santos, presidente da Frutoeste, da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha e da Federação Nacional das Organizaçõ­es de produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP). A Frutoeste foi criada em 1977 com 19 associados, mas só em 1988 iniciou a sua actividade com a construção da central fruteira. Hoje tem cerca de 160 associados e a central fruteira o triplo da área. Portugal não vai ter produtos em massa, até pelas limitações geográfica­s de dimensão e heterogene­idade, a que se acrescenta­m as alterações climáticas, as mudanças dos hábitos e das preferênci­as dos consumidor­es. “Temos de produzir produtos com qualidade e procurar os nichos de mercado que mais os valorizem”, acentuou Domingos dos Santos. Dá o exemplo da pera-rocha, que tem consolidad­o a sua posição em mercados tradiciona­is e a conquistad­o novos mercados exigentes, e que a valorizam. “E é nestes mercados que temos de fazer as nossas apostas na pera-rocha, na maçã, nos citrinos, nos hortícolas”, referiu. Acrescento­u que, no caso, do tomate fresco, que tem uma qualidade acima da média, que atrai muitos clientes, e do tomate indústria, que a produção transformo­u num produto de excelência, “peca, ainda, por uma falta de comunicaçã­o positiva do produto”.

Promoção pelo preço

Para este empresário agrícola, “comunicamo­s bem os nossos produtos aos clientes, operadores, cadeias de distribuiç­ão, mas comunicamo­s mal para o consumidor final”. Sublinhou que “se estabele- cemos o contacto, numa feira, com um cliente numa feira que está interessad­o em vender a pera-rocha, deveríamos dar-lhe os instrument­os de comunicaçã­o para estimular o consumo das nossa frutas junto dos seus consumidor­es finais”. “A promoção dos nossos produtos é feita pela grande distribuiç­ão e é sempre pelo preço”, disse Domingos dos Santos. Por isso, “a exportação tem de ser uma alternativ­a à distribuiç­ão, para sair deste colete de forças, mesmo quando produzimos menos do que se consome em Portugal”. Referiu que em Portugal, as 6 ou 7 cadeias de distribuiç­ão têm 67% do mercado de frescos, “e, por muito que a produção se organize, nunca vamos conseguir estar em pé de igualdade perante o poder económico da distribuiç­ão”. Esta foi essencial no início, obrigou os produtores e as organizaçõ­es a adaptarem-se ao novo paradigma de mercado, acabou por dar formação, mas tem sido um factor limitador da rentabilid­ade.

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David Cabral Santos FRancisco FRagoso, gestor de negócios nas Luís Vicente, refere que hoje se exporta um conjunto variado de frutas.

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