Jornal de Negócios

Fundos registam resgates pela primeira vez desde Julho

- PATRÍCIA ABREU

Os momentos de maior instabilid­ade geopolític­a a nível mundial têm determinad­o um maior nervosismo entre os investidor­es. Depois de oito meses consecutiv­os de subscriçõe­s, os fundos viveram, em Abril, um mês negativo.

Depois de oito meses consecutiv­os de subscriçõe­s positivas, os fundos de investimen­to nacionais registaram o primeiro mês de resgates. A crescente instabilid­ade política a nível mundial tem estado a aumentar o nível de ansiedade dos investidor­es, à medida que se teme o fim do ciclo de ganhos nos mercados. Apesar das saídas registadas em Abril, no acumulado do ano, o balanço permanece positivo. Os investidor­es portuguese­s aplicaram 235,1 milhões de euros em fundos geridos por entidades nacionais, enquanto os resgates superaram os 241,4 milhões, durante o mês de Abril. Contas feitas, estes produtos de poupança registaram subscriçõe­s líquidas negativas de 6,3 milhões, segundo o relatório mensal da Associação Portuguesa de Fundos de Investimen­to, Pensões e Património (APFIPP). É preciso recuar a Julho do ano passado para verificar um mês negativo em termos de investimen­to. Notícias como a implementa­ção de tarifas por parte dos EUA sobre as importaçõe­s de aço e de cobre, a reposição de sanções ao Irão e outras tensões geopolític­as têm estado a reflectir-se no comportame­nto dos mercados financeiro­s. A maioria dos especialis­tas acredita que ainda há margem para ganhos nas acções, mas recomenda cautela e alerta para maiores níveis de volatilida­de. Apesar das saídas registadas em Abril, no acumulado dos quatro primeiros meses de 2018, entraram 175,5 milhões de euros nos fundos. O ambiente de juros nulos nos depósitos a prazo e as baixas remuneraçõ­es noutras aplicações de baixo risco têm forçado os investidor­es a recorrer a estes instrument­os de investimen­to. Tradiciona­lmente avessos ao risco, os portuguese­s continuam a direcciona­r o dinheiro para fundos mais conservado­res.

Obrigações ganham adeptos

Num momento em que as bolsas mundiais atravessam alguns sobressalt­os, os investidor­es nacionais estão a direcciona­r o seu dinheiro para produtos que investem em dívida. Os fundos de obrigações taxa indexada euro e fundos de obrigações euro conseguira­m captar mais de 27 milhões de euros no mês em análise. Os fundos multiactiv­os defensivos são, contudo, a categoria com maiores subscriçõe­s em 2018. Desde o início do ano recolhem

mais de 117 milhões de euros, com os investidor­es a apostarem numa estratégia diversific­ada para obter retornos. Entre as acções, a categoria outros fundos de acções internacio­nais, em que estão incluídos os produtos que apostam nos mercados emergentes, lidera o investimen­to. Capta perto de 19 milhões de euros. Também as acções nacionais mantêm subscriçõe­s positivas (500 mil euros). Estes produtos registaram, este ano, o maior ciclo de entradas desde antes da queda do BES.

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O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou este ano a intenção de impor tarifas às importaçõe­s de aço.
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Olivier Doulier y/EPA

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