Fundos registam resgates pela primeira vez desde Julho
Os momentos de maior instabilidade geopolítica a nível mundial têm determinado um maior nervosismo entre os investidores. Depois de oito meses consecutivos de subscrições, os fundos viveram, em Abril, um mês negativo.
Depois de oito meses consecutivos de subscrições positivas, os fundos de investimento nacionais registaram o primeiro mês de resgates. A crescente instabilidade política a nível mundial tem estado a aumentar o nível de ansiedade dos investidores, à medida que se teme o fim do ciclo de ganhos nos mercados. Apesar das saídas registadas em Abril, no acumulado do ano, o balanço permanece positivo. Os investidores portugueses aplicaram 235,1 milhões de euros em fundos geridos por entidades nacionais, enquanto os resgates superaram os 241,4 milhões, durante o mês de Abril. Contas feitas, estes produtos de poupança registaram subscrições líquidas negativas de 6,3 milhões, segundo o relatório mensal da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP). É preciso recuar a Julho do ano passado para verificar um mês negativo em termos de investimento. Notícias como a implementação de tarifas por parte dos EUA sobre as importações de aço e de cobre, a reposição de sanções ao Irão e outras tensões geopolíticas têm estado a reflectir-se no comportamento dos mercados financeiros. A maioria dos especialistas acredita que ainda há margem para ganhos nas acções, mas recomenda cautela e alerta para maiores níveis de volatilidade. Apesar das saídas registadas em Abril, no acumulado dos quatro primeiros meses de 2018, entraram 175,5 milhões de euros nos fundos. O ambiente de juros nulos nos depósitos a prazo e as baixas remunerações noutras aplicações de baixo risco têm forçado os investidores a recorrer a estes instrumentos de investimento. Tradicionalmente avessos ao risco, os portugueses continuam a direccionar o dinheiro para fundos mais conservadores.
Obrigações ganham adeptos
Num momento em que as bolsas mundiais atravessam alguns sobressaltos, os investidores nacionais estão a direccionar o seu dinheiro para produtos que investem em dívida. Os fundos de obrigações taxa indexada euro e fundos de obrigações euro conseguiram captar mais de 27 milhões de euros no mês em análise. Os fundos multiactivos defensivos são, contudo, a categoria com maiores subscrições em 2018. Desde o início do ano recolhem
mais de 117 milhões de euros, com os investidores a apostarem numa estratégia diversificada para obter retornos. Entre as acções, a categoria outros fundos de acções internacionais, em que estão incluídos os produtos que apostam nos mercados emergentes, lidera o investimento. Capta perto de 19 milhões de euros. Também as acções nacionais mantêm subscrições positivas (500 mil euros). Estes produtos registaram, este ano, o maior ciclo de entradas desde antes da queda do BES.