Investidores de Lisboa assumem mais risco do que os do Porto
Os portugueses caracterizam-se por um perfil de investimento mais conservador. Mesmo os que investem em activos imobiliários assumem menos risco do que outros investidores europeus, conclui um estudo da Golden Wealth Management.
Os investidores nacionais são conhecidas pela sua aversão ao risco. A possibilidade de registar perdas de capital, mesmo que pontuais, é um cenário que não agrada aos portugueses e que os leva a privilegiar produtos como os depósitos a prazo e os certificados. Mas, há alguns que são mais conservadores do que outros. De acordo com a Golden Wealth Management, em Lisboa assume-se mais risco do que no Porto. Cerca de 62% dos clientes da Golden Wealth Management nos serviços de acompanhamento têm um perfil de investimento conservador. Um retrato que espelha as características da maioria dos investidores portugueses, que privilegiam aplicações de baixo risco. Mas, há diferenças, dependendo da região onde vive o aforrador. “Os clientes de Lisboa assumem uma gestão mais dinâmica do que no Porto”, explicou Nuno Basílio, director do departamento Advising Golden Future, numa apresentação a jornalistas sobre a caracterização do investidor nacional. De acordo com o especialista, os números não variam muito face às conclusões gerais, mas entre o Norte e o Sul há uma diferença de cerca de dois/três pontos percentuais, a favor de uma estratégia mais arriscada na capital. Mas, ainda que a base de clientes da Golden seja mais conservadora, trata-se de investidores que mantêm aplicações financeiras, o que não acontece com o grosso dos portugueses. Segundo o estudo mais recente divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), só 4,4% dos portugueses detêm valores mobiliários, como acções ou títulos de dívida. “Há um grande desconhecimento em relação a tudo o que tenha que ver com mercados financeiros. Mesmo os investidores que investem são mais conservadores do que a norma”, conclui Nuno Basílio. Enquanto os norte-americanos e até mesmo os europeus investem directamente em títulos de dívida e acções, a maioria das aplicações (43%) dos clientes é realizada através de unidades de participação, ou seja, fundos. As acções nacionais, por exemplo, representam apenas 2,3% do património. A justificar esta divergência nas escolhas de investimento poderá estar o facto de, “em Portugal, as pessoas não serem obrigadas a pensar a sua reforma”, ao contrário do que acontece nos EUA.
Acções recolhem preferência
Em termos de estratégia, a sociedade mantém-se mais optimista para o investimento em acções, privilegiando a exposição à Europa. Nuno Basílio mostrou-se ainda optimista para os mercados emergentes, mas “em moeda forte” e não divisas locais. Na dívida de elevada qualidade, a ordem continua a ser para evitar. Não esquecer os investimentos alternativos, “que permitam gerar alpha”. O objectivo final é gerar aos clientes um retorno anual de, pelo menos, 3%.