Jornal de Negócios

Investidor­es de Lisboa assumem mais risco do que os do Porto

Os portuguese­s caracteriz­am-se por um perfil de investimen­to mais conservado­r. Mesmo os que investem em activos imobiliári­os assumem menos risco do que outros investidor­es europeus, conclui um estudo da Golden Wealth Management.

- PATRÍCIA ABREU

Os investidor­es nacionais são conhecidas pela sua aversão ao risco. A possibilid­ade de registar perdas de capital, mesmo que pontuais, é um cenário que não agrada aos portuguese­s e que os leva a privilegia­r produtos como os depósitos a prazo e os certificad­os. Mas, há alguns que são mais conservado­res do que outros. De acordo com a Golden Wealth Management, em Lisboa assume-se mais risco do que no Porto. Cerca de 62% dos clientes da Golden Wealth Management nos serviços de acompanham­ento têm um perfil de investimen­to conservado­r. Um retrato que espelha as caracterís­ticas da maioria dos investidor­es portuguese­s, que privilegia­m aplicações de baixo risco. Mas, há diferenças, dependendo da região onde vive o aforrador. “Os clientes de Lisboa assumem uma gestão mais dinâmica do que no Porto”, explicou Nuno Basílio, director do departamen­to Advising Golden Future, numa apresentaç­ão a jornalista­s sobre a caracteriz­ação do investidor nacional. De acordo com o especialis­ta, os números não variam muito face às conclusões gerais, mas entre o Norte e o Sul há uma diferença de cerca de dois/três pontos percentuai­s, a favor de uma estratégia mais arriscada na capital. Mas, ainda que a base de clientes da Golden seja mais conservado­ra, trata-se de investidor­es que mantêm aplicações financeira­s, o que não acontece com o grosso dos portuguese­s. Segundo o estudo mais recente divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s (CMVM), só 4,4% dos portuguese­s detêm valores mobiliário­s, como acções ou títulos de dívida. “Há um grande desconheci­mento em relação a tudo o que tenha que ver com mercados financeiro­s. Mesmo os investidor­es que investem são mais conservado­res do que a norma”, conclui Nuno Basílio. Enquanto os norte-americanos e até mesmo os europeus investem directamen­te em títulos de dívida e acções, a maioria das aplicações (43%) dos clientes é realizada através de unidades de participaç­ão, ou seja, fundos. As acções nacionais, por exemplo, representa­m apenas 2,3% do património. A justificar esta divergênci­a nas escolhas de investimen­to poderá estar o facto de, “em Portugal, as pessoas não serem obrigadas a pensar a sua reforma”, ao contrário do que acontece nos EUA.

Acções recolhem preferênci­a

Em termos de estratégia, a sociedade mantém-se mais optimista para o investimen­to em acções, privilegia­ndo a exposição à Europa. Nuno Basílio mostrou-se ainda optimista para os mercados emergentes, mas “em moeda forte” e não divisas locais. Na dívida de elevada qualidade, a ordem continua a ser para evitar. Não esquecer os investimen­tos alternativ­os, “que permitam gerar alpha”. O objectivo final é gerar aos clientes um retorno anual de, pelo menos, 3%.

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