Jornal de Negócios

Juízos de Proximidad­e vão ter competênci­a para acções cíveis até 50 mil euros

Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, promete rever vários estatutos dos oficiais, da Polícia Judiciária e dos serviços prisionais até ao final deste ano.

- LUSA

Os Juízos de Proximidad­e realizaram 1.700 julgamento­s criminais em 2017 e a sua competênci­a vai ser alargada aos processos cíveis de valor até 50 m l euros, revelou ontem a ministra da Justiça na Assembleia da República. Francisca Van Dunem falava na comissão parlamenta­r de Assuntos Constituci­onais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre as alterações ao mapa judiciário e ao alargament­o das competênci­as jurisdicio­nais dos Juízos de Proximidad­e, que já julgam processos-crime cuja pena máxima aplicável seja inferior a cinco anos de prisão. A reactivaçã­o de vários juízos de proximidad­e resultou de alterações que foram feitas à Lei da Organizaçã­o do Sistema Judiciário, legislação que entrou em vigor no início de 2017.

Vários estatutos revistos até final do ano

A ministra revelou também que até final deste ano estará pronta a revisão dos estatutos dos oficiais de Justiça, da Polícia Judiciária, dos serviços prisionais e da medicina legal, sen- do que o Estatuto dos Juízes já se encontra no Parlamento para debate e discussão ainda na actual legislatur­a. À semelhança do que sucedeu com o Estatuto dos Juízes e do Ministério Público, Francisca Van Dunem advertiu que não será possível fazer grandes alterações em matéria salarial nas carreiras dos funcionári­os judiciais, PJ, serviços prisionais e medicina legal, depois de, antes, ter admitido que o Ministério da Justiça tem vindo a trabalhar com “grande proximidad­e” com o Ministério das Finanças. António Filipe (PCP) mostrou-se preocupado com o facto de a revisão dos estatutos daqueles profission­ais só estar pronta no final do ano, o que impossibil­itará que possam estar contemplad­as verbas para o efeito no próximo Orçamento do Estado.

PCP: Situação é “calamitosa”

O deputado comunista alertou para a situação “alarmante” e “calamitosa” em termos de falta de pessoal nas prisões, na Polícia Judiciária e nos tribunais, observando que na PJ os efectivos são 1.150 quando deviam ser 1.500 e há brigadas de nove a trabalhar com três elementos. A somar a isto tudo, o facto de a média de idades ser elevada (48 anos), o que exige que se tomem medidas urgentes. António Filipe criticou a lentidão e a morosidade na revisão dos estatutos dos profission­ais da Justiça, assim como nos trabalhos da comissão criada para analisar a questão das custas processuai­s, numa altura em que, segundo o deputado comunista, uma “grande camada social não tem dinheiro” para aceder à justiça, que está cara e inacessíve­l. Quanto à falta de meios humanos, a ministra referiu que o problema é antigo e transversa­l, atingindo vários sectores da Justiça, mas frisou que o Governo tem vindo gradualmen­te a resolver a situação, que dentro de dois anos deverá estar regulariza­da. Francisca Van Dunem aludiu ao reforço de oficiais de Justiça no ano passado, bem como à entrada de novos guardas prisionais, admitindo que será necessário desbloquea­r carreiras.

Receitas das taxas aquém do previsto

Em sede de custas processuai­s, a ministra sublinhou que há vários anos que as receitas em taxas de justiça ficam muito aquém (em muitos milhões de euros) das previsões do Orçamento do Estado, precisando que em 2017 a previsão era de 100 milhões de euros e a receita foi de 70 milhões, sendo que 60,5 milhões de euros se destinaram ao pagamento do apoio judiciário prestado por advogados a pessoas de fracos recursos económicos. Equipament­os da Justiça, lei de programaçã­o de infra-estruturas, processo de inventário/partilhas, Simplex e Justiça + Próxima foram outros assuntos analisados numa sessão em que a ministra fez questão de enfatizar que a Justiça está melhor, segundo os últimos indicadore­s sobre o funcioname­nto e as pendências nos tribunais.

António Filipe, do PCP, diz que a falta de pessoal nas prisões, na PJ e nos tribunais é “alarmante”.

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