Jornal de Negócios

A CMVM devia apertar os clubes

- CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia camilolour­enco@gmail.com

Quando dirigia a CMVM, Carlos Tavares costumava dizer que a instituiçã­o tinha de ser tolerante com as SAD dos clubes. O que Tavares queria dizer é que os clubes não estavam habituados à disciplina do mercado de capitais, razão pelaqual a CMVM tinha de ter um papel pedagógico levando-os acumprir alegislaçã­o. Nunca concordei com esta posição porque os clubes usavam a “bonomia” da CMVM para não cumprir o código. O que se está a passar com o Sporting é exemplo disso. A SAD pretende fazer uma emissão obrigacion­ista de 15 milhões de euros (taxade 6%) pararesolv­er problemas de tesouraria­e assegurar o serviço da dívida. A CMVM, que está a analisar a operação, anunciou ontem que aemissão ficasuspen­saenquanto se mantiver ainstabili­dade no clube. E confirmou que “foram pedidos esclarecim­entos adicionais” à SAD. A mensagem é clara: a CMVM achaque os acontecime­ntos das últimas semanas podem prejudicar a tomadade decisão dos investidor­es. E embora não ponha de parte a sua aprovação, aguarda a clarificaç­ão da situação. Adecisão estácorret­a, mas peca por tardia e por ser demasiado cautelosa. A suspensão do processo já deviater ocorrido e aCMVM devia dizer, preto no branco, que os investidor­es podem sair prejudicad­os se participar­em numaoperaç­ão organizada­porórgãos de gestão envolvidos num grande imbróglio jurídico. ACMVM é o “polícia” dabolsa. Por essa razão não precisa de estar com paninhos quentes. Quer os clubes gostem quer não. Porque o que interessaé proteger os investidor­es, não os interesses de quem dirige o clube. Artigo em conformida­de com o novo Acordo Ortográfic­o

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