A CMVM devia apertar os clubes
Quando dirigia a CMVM, Carlos Tavares costumava dizer que a instituição tinha de ser tolerante com as SAD dos clubes. O que Tavares queria dizer é que os clubes não estavam habituados à disciplina do mercado de capitais, razão pelaqual a CMVM tinha de ter um papel pedagógico levando-os acumprir alegislação. Nunca concordei com esta posição porque os clubes usavam a “bonomia” da CMVM para não cumprir o código. O que se está a passar com o Sporting é exemplo disso. A SAD pretende fazer uma emissão obrigacionista de 15 milhões de euros (taxade 6%) pararesolver problemas de tesourariae assegurar o serviço da dívida. A CMVM, que está a analisar a operação, anunciou ontem que aemissão ficasuspensaenquanto se mantiver ainstabilidade no clube. E confirmou que “foram pedidos esclarecimentos adicionais” à SAD. A mensagem é clara: a CMVM achaque os acontecimentos das últimas semanas podem prejudicar a tomadade decisão dos investidores. E embora não ponha de parte a sua aprovação, aguarda a clarificação da situação. Adecisão estácorreta, mas peca por tardia e por ser demasiado cautelosa. A suspensão do processo já deviater ocorrido e aCMVM devia dizer, preto no branco, que os investidores podem sair prejudicados se participarem numaoperação organizadaporórgãos de gestão envolvidos num grande imbróglio jurídico. ACMVM é o “polícia” dabolsa. Por essa razão não precisa de estar com paninhos quentes. Quer os clubes gostem quer não. Porque o que interessaé proteger os investidores, não os interesses de quem dirige o clube. Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico