O alerta sobre a valorização do preço das casas
Oalerta do Banco de Portugal sobre os sinais de sobrevalozação das casas é um aviso importante para as famílias que compram habitação ou investem no mercado imobiliário, recorrendo ao crédito à habitação no limite da taxa de esforço. Os preços estão loucos, uma onda mais forte em Lisboa e Porto, mas que se espalha pouco a pouco por todo o país, principalmente nas áreas urbanas, com mais pressão nas zonas turísticas. O turismo foi a alavanca para a recuperação do preço das casas depois do choque da troika. Os magotes de viajantes trazidos pelas “low-cost” criaram a procura de apartamentos disponibilizados pelas novas aplicações da internet. Gerou-se um negócio que também disparou as rendas e valorizou os imóveis. Este foi o primeiro impulso que recuperou um mercado que tinha sofrido um choque de desvalorização até antes do resgate da troika. Os balanços dos bancos e os registos de falências de construtores e promotores imobiliários, particularmente entre 2008 e 2013, contam uma histó- ria dramática que contrasta com a actual euforia. Aliás, nos balanços dos bancos ainda persistem marcas desse sismo. E além dos turistas que ficavam nos apartamentos, muitos outros, com destaque para franceses, brasileiros, mas de muitas outras proveniências, como provam as estrelas que escolheram comprar casa em Lisboa, começaram a adquirir habitações muito caras, inflacionando o mercado para os valores actuais. Além disso, os sinais de valorização associados a um período de juros muito baixos, quer na concessão de crédito, mas ainda mais baixos, perto de zero, na remuneração dos depósitos, levaram muitos aforristas a olhar para o investimento imobiliário como uma alternativa de investimento para as suas poupanças. Por outro lado, os bancos voltaram a abrir a torneira do crédito e entraram na competição de redução de “spreads”. Já não existem os valores que se praticavam antes de 2010, que chegaram a ser inferiores a 0,3%, uma loucura da banca que saiu muito cara. Mas já há várias instituições a captar clientes com margens próximas de 1%, o que associado às taxas negativas da Euribor significa acesso a crédito a preço de saldos. Tudo isto contribuiu para a valorização do preço das casas. O alerta do Banco de Portugal não significa que haja uma bolha prestes a rebentar, mas é pedagógico lembrar, para quem tem a memória curta e não reparou no que aconteceu no período mais agudo do ajustamento da troika, que as leis que regem os preços das casas também têm, por vezes, curvas descendentes.