Quem semeia ventos colhe tempestades
“He thought he could get away with it”, podia ser o título do artigo de hoje. “Ele” é António Costa (e o seu ajudante, Mário Centeno). Ambos andaram dois anos e meio a vender a teoria de que era possível dar dinheiro a todos, deitando para trás a contenção a que a pré-bancarrota nos atirou em 2011. Os sindicatos não se fizeram rogados. Com destaque para os dos professores, que vieram logo reivindicar todo o tempo de serviço não contado para efeitos de carreiras. O Governo assustou-se: 630 milhões de euros era muito dinheiro. E vieram as cedências: Costa, contrariando Centeno, anunciou que o Governo aceitava devolver 2 anos, 9 meses e 18 dias. Mário Nogueira e “sus muchachos” não se impressionaram e fizeram finca-pé nos 9 anos, 4 meses e 2 dias. Para deixar passar o Orçamento de 2018, Costa foi empurrando com a barriga e deu a entender que o problema se resolveria. Agora chegou a factura: a Fenprof, encorajada pelo PCP e com o conforto de quem está a 13 meses das eleições, entrou a pés juntos: ou o Governo cede, ou leva com uma chuva de greves. E quando o Governo pensava que as coisas não podiam ficar pior, levou novo “chega pra lá”: aos professores juntam-se os funcionários judiciais e as forças de segurança. Custo: mil milhões. O Orçamento pode acomodar este rombo? Não. A não ser com mais endividamento (pouco aconselhável para quem tem uma dívida que supera o PIB em 26,4% e quando os juros já recomeçaram a subir). Ou com aumento de impostos. Entre um e outro venha o diabo e escolha. É um sarilho? É. Mas quem é que andou a vender facilidades quando tinha a tesouraria à míngua de notas?