Portugal vai aumentar despesas em Defesa até 2024
António Costa anunciou a meta de 1,66% do PIB, valor abaixo dos 2% acordado na Cimeira da NATO de 2014. Donald Trump propôs ontem aos aliados a consagração de 4%. Secretário-geral desvaloriza desentendimentos.
Portugal vai consagrar 1,66% do Produto Interno Bruto (PIB) a despesas em Defesa até 2024, ficando aquém do objectivo de 2% acordado entre os países-membros da NATO, revelou ontem, o primeiro-ministro, António Costa, à margem da Cimeira da NATO, que termina hoje em Bruxelas.
O primeiro-ministro salientou, no entanto, que o investimento pode atingir os 1,98% do PIB se o país conseguir obter os fundos comunitários a que se irá candidatar no âmbito do próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia para o período 2021-2027.
De acordo com os dados publicados esta terça-feira pela Aliança Atlântica, Portugal destinou 2.398 milhões de euros a despesas em Defesa em 2017, o que equivale a 1,24% do seu PIB, devendo este ano aumentar para 2.728 milhões de euros, 1,36% da riqueza nacional.
Secretário-geral desvaloriza desentendimentos
O secretário-geral da NATO voltou ontem a desvalorizar os desentendimentos entre os Aliados, preferindo destacar o consenso sobre a necessidade de aumentar o investimento em Defesa. “Tivemos discussões, temos desacordos, mas, mais importante, tomámos decisões que vão tornar-nos mais fortes. Na história da NATO, tivemos muitos desentendimentos que conseguimos superar, porque, no final do dia, concordamos que a Europa e a América do Norte são mais fortes juntas”, afirmou Jens Stoltenberg.
Na conferência de imprensa no final da reunião do Conselho do Atlântico Norte dos chefes de Estado e de Governo da NATO, o secretário-geral da organização revelou que os Aliados concordaram que é preciso dedicar mais dinheiro à Defesa e aumentar as contribuições para missões da Aliança no terreno. “As boas notícias é que estamos a fazer progressos. Todos os Aliados estão a aumentar o investimento em Defesa. No último ano, registou-se o maior investimento em Defesa desde o fim da Guerra Fria”, acentuou, desvalorizando as declarações de Donald Trump.
O Presidente dos EUAtem acusado os outros Aliados de “não pagarem aquilo que deveriam” e de “deverem uma tremenda quantia de dinheiro aos Estados Unidos”, por não consagrarem 2% do Produto Interno Bruto (PIB) a despesas em Defesa, um compromisso assumido na cimeira do País de Gales em 2014 para um prazo de dez anos. “Quando foi alcançado o acordo em 2014, apenas três aliados gastavam 2% em Defesa”, recordou.
O Presidente dos EUA propôs ontem que os membros da NATO consagrem 4% do Produto Interno Bruto (PIB) a despesas em Defesa até 2024. “Durante a sessão da cimeira da NATO, o Presidente sugeriu que os países não só cumpram o compromisso de destinar 2% do seu PIB, mas que o elevem a 4%”, indicou aos jornalistas em Bruxelas a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders.
Jens Stoltenberg salientou ainda que os Aliados aprovaram a adaptação da estrutura de comandos da NATO, a estratégia da luta contra o terrorismo e as ameaças cibernéticas, assim como a iniciativa de prontidão, que visa reduzir de 180 para 30 dias o tempo de resposta das forças norte-americanas consideradas indispensáveis em caso de guerra.
“Todos os Aliados estão a aumentar o investimento em Defesa. JENS STOLTENBERG Secretário-geral da NATO