Jornal de Negócios

Investimen­to público está “muito inferior” ao previsto

CONSELHO DAS FINANÇAS PÚBLICAS O Governo prometeu uma subida expressiva do investimen­to, mas os números do primeiro trimestre desiludem. Na administra­ção central, o ritmo de implementa­ção está “bastante abaixo” do previsto, avisa o Conselho de FInanças Pú

- TIAGO VARZIM

AUnidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) já tinha dado o alerta que agora o Conselho das Finanças Públicas (CFP) vem reforçar: o ritmo de execução do investimen­to público está a ser “muito inferior” ao previsto pelo Governo.

Depois de atingir mínimos de 1995, António Costa tinha prometido um enorme aumento do investimen­to, mas para já esses montantes ainda não chegaram ao terreno, de acordo com a análise do CFP à execução orçamental do primeiro trimestre em contabilid­ade nacional, a que importa a Bruxelas.

“A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) atingiu 666 milhões de euros, valor que reflecte um aumento homólogo (9,8%, +59 milhões de euros) muito inferior ao que está implícito no PE/2018 para o conjunto do ano (34,2%)”, destaca o organismo independen­te que fiscaliza o cumpriment­o das regras orçamentai­s e a sustentabi­lidade das finanças públicas. Na semana passada, numa análise aos mesmos dados, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental tinha dito que havia um “baixo grau de execução do investimen­to”.

A entidade liderada pela economista Teodora Cardoso admite que “habitualme­nte” o investimen­to das administra­ções pública (AP) acelera no final do ano. Mas, ainda assim, “o grau de execução da FBCF do conjunto das AP foi de apenas 14,5% no 1.º trimestre de 2018”. Isto significa que o investimen­to não está a ser executado ao ritmo que devia para que sejam atingidos os objectivos anuais.

Este atraso nota-se principalm­ente na administra­ção central, aquele que é o “subsector [das AP] responsáve­l pela maior parte do investimen­to previsto”. Na administra­ção central o ritmo de cresci- mento foi de 4,6% nos primeiros três meses do ano, “bastante abaixo do previsto para o conjunto do ano (53,8%)”.

Caso se excluam as dotações destinadas a financiar a contrapart­ida pública nacional em projectos de investimen­to e o orçamento participat­ivo - que não foram utilizadas no primeiro trimestre -, o aumento deveria ser 47,2%.

Tal como tinham adiantado os técnicos da UTAO, o aumento do investimen­to público no primeiro trimestre justificad­o pela administra­ção local. Neste subsector o ritmo de cresciment­o foi superior ao que está previsto para o conjunto do ano.

Ao todo, o Ministério das Finanças prevê que o investimen­to público passe de 3.456 milhões de euros em 2017 para 4.585 milhões de euros em 2018, um aumento de 1.129 milhões de euros. A concretiza­rem-se estas contas, no final do ano, o peso do investimen­to no PIB será de 2,3%. No primeiro trimestre foi de 1,4%.

Saldo dá bons sinais mas é cedo para conclusões

A evolução das finanças públicas no primeiro trimestre foi positiva na análise do CFP. No primeiro trimestre, o excedente orçamental primário foi o melhor dos últimos três anos. Contudo, o Conselho das Finanças Públicas pede cautela nas conclusões. “A análise dos desenvolvi­mentos orçamentai­s do 1.º trimestre aconselham, contudo, prudência na comparação, quer homóloga quer anual”, assinala o CFP, que aponta ainda vários riscos do lado da despesa.

A evolução das finanças públicas foi positiva no 1º trimestre mas o CFP alerta para riscos no lado da despesa.

SUBIDA DO ÍNDICE

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Ricardo Meireles A entidade liderada por Teodora Cardoso admite, no entanto, que o investimen­to vai acelerar no final do ano.

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