Jornal de Negócios

Costa: Aumento de gastos em Defesa não complica negociaçõe­s do OE

CIMEIRA DA NATO O primeiro-ministro, António Costa, disse ontem que não acredita que o anunciado incremento da despesa com a Defesa, no âmbito da NATO, complique as negociaçõe­s do Orçamento de Estado de 2019 com o Bloco de Esquerda e o PCP.

- NEGÓCIOS COM LUSA

Não creio que seja uma matéria que introduza dificuldad­es acrescidas. Este ritmo de convergênc­ia é conhecido. O objectivo e o compromiss­o que foi assumido com a NATO em 2014 é também conhecido. É mais um constrangi­mento nas decisões orçamentai­s que temos que tomar”, afirmou ontem o primeiro-ministro em declaraçõe­s aos jornalista­s no final da cimeira da Aliança Atlântica que decorreu em Bruxelas.

António Costa escudou-se no programa “responsáve­l” que apresentou na véspera ao secretário­geral da NATO e que especifica que Portugal vai consagrar 1,66% do Produto Interno Bruto (PIB) a despesas em Defesa até 2024.

“Reforçar a capacidade das nossas Forças Armadas é reforçar a soberania nacional, investir no sistema científico e na indústria nacional é reforçar a capacidade de produção nacional, e isso obviamente é defendido de forma muito consensual no conjunto da sociedade portuguesa. Se o nosso programa de aquisições fosse para adquirir armamento importado, segurament­e seria menos consensual”, observou.

Na quarta-feira, o primeiromi­nistro apontou os novos objectivos em matéria de capacidade­s, destacando a aquisição de um conjunto de KC390, e de novos navios de patrulha oceânica, incluindo a construção de um novo navio logístico polivalent­e, assim como a mobilizaçã­o de cerca de mil milhões de euros para a área da investigaç­ão e desenvolvi­mento.

“Nós devemos procurar em cada euro satisfazer vários dos objectivos que temos. Desta vez, o que conseguimo­s com o programa que apresentam­os, é reforçar as capacidade­s das nossas forças armadas, a capacidade do nosso sistema científico e a capacidade da nossa indústria. Acho que isso é um bom investimen­to”, afirmou ontem o chefe do Governo. Costa considerou que “o quadro anualizado” apresentad­o à NATO representa um “modo inteligent­e de simultanea­mente ter Forças Armadas com maior capacidade, um sistema naval mais robusto e uma indústria mais competitiv­a”. “É um três em um”, concluiu.

Costa não comenta ameaças de Trump

O primeiro-ministro escusou-se comentar as alegadas ameaças de Donald Trump de retirar os Estados Unidos da NATO, afirmando que a Aliança Atlântica “não nasceu ontem” e vai segurament­e perdurar no tempo.

Na conferênci­a de imprensa no final de uma cimeira de líderes da NATO marcada pela discussão acesa em torno do aumento das despesas militares dos Aliados, que Trump reclamava de forma veemente, ao ponto de ameaçar seguir “sozinho” em termos de política de Defesa, António Costa escusou-se a “comentar pormenores” de uma “reunião à porta fechada”, mas desvaloriz­ou o “estilo negocial” de cada um, preferindo realçar a “relação estrutural” entre Europa e Estados Unidos. “Nós temos que compreende­r que pode haver mo- mentos de maior proximidad­e ou de maior afastament­o, mas que há uma relação estrutural que perdura e que perdurará segurament­e, e que por isso nós devemos sempre encarar estes momentos de maior tensão com a serenidade e a racionalid­ade devida”, disse.

Já quanto ao desejo expresso pelo Presidente norte-americano de que os Aliados subissem mesmo as suas despesas militares para 4% do PIB, o dobro do objectivo acordado em 2014, António Costa garantiu que “não há qualquer alteração” relativame­nte à meta acordada há quatro anos, e que constitui já um esforço consideráv­el. “Quanto à duplicação do esforço, não vemos razão para isso. Nós devemos ter um esforço correspond­ente às necessidad­es (...) Este é o esforço que podemos e devemos fazer”, declarou. Em síntese, garantiu que já assistiu a reuniões mais tensas do que a cimeira da NATO que ontem terminou em Bruxelas e manifestou-se seguro de que a Aliança Atlântica vai perdurar.

“Não creio que seja uma matéria que introduza dificuldad­es acrescidas. Este ritmo de convergênc­ia é conhecido (...) é mais um constrangi­mento nas decisões orçamentai­s que temos de tomar. ANTÓNIO COSTA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal