O Governo vai ceder aos professores
O Governo quer saber o “custo real” do descongelamento das carreiras dos professores. E nomeou uma comissão que apresentará trabalho lá para setembro, a tempo de influenciar as dotações do OE 2019… A decisão merece várias reflexões. A primeira é que sugere que os custos de que o Governo falou até agora (600 milhões) não estão corretos. Ou porque foram pensados para manipular a opinião pública (colocando a sociedade contra os professores)… ou porque houve incompetência.
Há uma terceira hipótese: os números estão corretos, mas o Governo sabe que não consegue ganhar a guerra aos sindicatos e prepara-se para recuar. Provavelmente é a última hipótese. E porquê? Porque ninguém ganha eleições contra a função pública, classe em que os professores pesam 23%.
Atente neste cenário: António Costa já tem contra si o erro das 35 horas de trabalho, com custos graves na Saúde, que está a chamuscar o Governo. Mais um erro, envolvendo umadas corporações com mais poder, seria dizer adeus à maioria absoluta. Ora este é um erro que Costa nunca correrá.
Mas o Governo não tem dinheiro, dirá o leitor. É verdade, mas há várias formas de resolver o problema: fazer pequenas cedên- cias em 2019, remetendo o resto para a próxima legislatura, antecipar a idade de reforma sem cortes na pensão (alegando “burnout” dos professores).
Não é por acaso que o Governo quer levar a discussão para setembro: evita o caos no início do ano letivo e aguarda pela execução orçamental do 3.º trimestre para saber se tem um problema nas contas públicas.
Seja qual for a solução, uma coisa é certa: quem vai pagar as cedências aos sindicatos é o contribuinte.
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico