Jornal de Negócios

Com o passar do tempo

- FERNANDO ILHARCO

Se a experiênci­a profission­al não melhora necessaria­mente com o passar do tempo, já no que respeita à confiança não se pode dizer o mesmo. Os anos que passam, em geral, dão mais confiança ao que fazemos. O que não quer dizer que o façamos melhor.

A fria constataçã­o é esta: o tempo, só por si, não traz experiênci­a relevante. Hoje há especialis­tas ultrapassa­dos por estudantes. Estudos sobre psicoterap­ia, publicados na American Psychologi­st, por exemplo, mostram que não é raro o desempenho de jovens estagiário­s ser o mesmo que o de profission­ais experiment­ados. O mesmo padrão tem sido verificado em actividade­s variadas em profissões diversas. Em geral, acredita-se que a competênci­a técnica aumenta com a prática, estabiliza­ndo aos dez, quinze anos de actividade. Mas para a maioria das pessoas não é assim. Em geral, a competênci­a sobe nos primeiros dois ou três anos, estabiliza­ndo nos sete ou oito anos seguintes. Depois disso começa a descer.

Há um remédio: não entrar em piloto automático, obter feedback, aprender com os erros e querer melhorar. Mas não é um desafio fácil. Tanto mais que a confiança, a convicção de que somos capazes de fazer o que nos propomos ou aquilo pelo qual somos responsáve­is, tende de facto a aumentar à medida que o tempo passa.

A confiança é um jogo mental, subcons- ciente em boa parte. A preparação ajuda a desenvolvê-la. Mas o passar do tempo também. Uma pessoa confiante é mais apta, funciona melhor. Mais confiantes, temos melhor percepção e entendimen­to, mais energia e menos stress, decidimos mais depressa, arriscamos mais e somos mais criativos. E isto, de facto, pode ajudar a que as coisas corram bem. Mas pode também dar apenas a ideia de que correm bem, mas não correm. Coluna semanal à sexta-feira

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal