Com o passar do tempo
Se a experiência profissional não melhora necessariamente com o passar do tempo, já no que respeita à confiança não se pode dizer o mesmo. Os anos que passam, em geral, dão mais confiança ao que fazemos. O que não quer dizer que o façamos melhor.
A fria constatação é esta: o tempo, só por si, não traz experiência relevante. Hoje há especialistas ultrapassados por estudantes. Estudos sobre psicoterapia, publicados na American Psychologist, por exemplo, mostram que não é raro o desempenho de jovens estagiários ser o mesmo que o de profissionais experimentados. O mesmo padrão tem sido verificado em actividades variadas em profissões diversas. Em geral, acredita-se que a competência técnica aumenta com a prática, estabilizando aos dez, quinze anos de actividade. Mas para a maioria das pessoas não é assim. Em geral, a competência sobe nos primeiros dois ou três anos, estabilizando nos sete ou oito anos seguintes. Depois disso começa a descer.
Há um remédio: não entrar em piloto automático, obter feedback, aprender com os erros e querer melhorar. Mas não é um desafio fácil. Tanto mais que a confiança, a convicção de que somos capazes de fazer o que nos propomos ou aquilo pelo qual somos responsáveis, tende de facto a aumentar à medida que o tempo passa.
A confiança é um jogo mental, subcons- ciente em boa parte. A preparação ajuda a desenvolvê-la. Mas o passar do tempo também. Uma pessoa confiante é mais apta, funciona melhor. Mais confiantes, temos melhor percepção e entendimento, mais energia e menos stress, decidimos mais depressa, arriscamos mais e somos mais criativos. E isto, de facto, pode ajudar a que as coisas corram bem. Mas pode também dar apenas a ideia de que correm bem, mas não correm. Coluna semanal à sexta-feira