Carlos Tavares recusa venda do Montepio Crédito
Depois de um ano em que esteve apenas um administrador em funções, o Montepio Crédito já tem uma equipa de gestão completa. A instituição de crédito, que Félix Morgado quis vender, vai ter um papel reforçado na vida da caixa económica.
Opresidente da caixa económica do Montepio, Carlos Tavares, quer dar uma nova vida ao Montepio Crédito, cuja venda esteve em cima da mesa na anterior gestão de José Félix Morgado. A redefinição tem lugar com uma nova equipa à frente da instituição de crédito especializado, que esteve mais de um ano a funcionar com apenas um administrador.
“Está em curso a redefinição e reforço do seu papel no seio do Grupo Caixa Económica Montepio Geral”, responde ao Negócios a assessoria de imprensa da Caixa Económica Montepio Geral, recusando que esteja em cima da mesa a alienação do Montepio Crédito. Não há pormenores sobre quais as intenções. O Montepio Crédito, que emprega 127 trabalhadores, obteve lucros de 1,2 milhões de euros no primeiro semestre do ano, quando em todo o 2017 alcançou um resultado líquido de 2,9 milhões.
O Montepio Crédito, que integrou o universo da Caixa Económica Montepio Geral com a compra do Finibanco em 2011, esteve para ser vendido na anterior administração da caixa, liderada por Félix Morgado. Nessa altura, em 2016, havia um plano estratégico em cima da mesa que previa a alienação de activos não estratégicos. Até havia um comprador: o fundo britânico Cabot Square. Não aconteceu e, entretanto, o gestor acabou por sair da caixa económica em diferendo com o accionista, António Tomás Correia, presidente da Montepio Geral – Associação Mutualista.
Carlos Tavares chegou à lide- rança da caixa económica em Março deste ano e tem vindo a revitalizar áreas que, na anterior gestão, eram para vender. Por exemplo, o ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários já referiu que era seu objectivo dar nova força ao Montepio Investimentos, que também resultou da aquisição do Finibanco. O objectivo é torná-lo num banco de apoio na área financeira às médias empresas.
Um ano com um gestor
A nova estratégia do Montepio para a unidade de crédito – focada sobretudo no financiamento automóvel e em que há espaço para o crédito pessoal – terá à sua frente Pedro Alves, o nome escolhido pela associação mutualista para administrador executivo da caixa económica do Montepio, mas que, devido à sua ligação ao accionista, acabou por ficar apenas como administrador não executivo.
A entrada em funções de Pedro Alves, juntamente com Manuel Baptista e Nuno Mota Pinto, ocorreu a 27 de Agosto deste ano, depois da luz verde do supervisor. Mota Pinto era o nome que iria substituir Félix Morgado na presidência executiva do Montepio, mas a falta de experiência bancária colocou-o apenas como administrador executivo da caixa económica, ficando igualmente no Montepio Crédito.
Já Manuel Baptista é um repetente. Já estava no cargo. Era, aliás, o único administrador em funções. Foi, mesmo, o único administrador do Montepio Crédito durante um ano, desde a saída dos anteriores colegas da administração, em Maio de 2017. O Expresso chegou a escrever que foi o Banco de Portugal que mostrou que não iria renovar os mandatos de Paulo Magalhães, Jorge Barros Luís e Pedro Ribeiro à frente do Montepio Crédito. Todos eles tinham esta- do na administração da caixa económica quando Tomás Correia era o seu presidente. Acabaram por sair pelo seu próprio pé.
Quando saiu de funções, a equipa de Félix Morgado já tinha submetido ao Banco de Portugal uma nova lista com cinco nomes para a administração do Montepio Crédito. Só que Carlos Tavares, quando chegou ao Montepio, retirou-a, não tendo chegado a haver uma pronúncia do supervisor. Foi assim que durante um ano ficou um administrador à frente de uma instituição com um activo líquido de 461 milhões de euros.