UE disponível para discutir nova fronteira
O ambiente parece ter desanuviado no dia da cimeira informal para tentar desbloquear o processo relativo ao Brexit. Londres pede que não insistam em exigências “inaceitáveis”. A UE mostra-se aberta.
Após meses de bloqueio negocial entre o Reino Unido e a União Europeia, surgem agora melhores perspectivas quanto a um eventual acordo, isto no dia em que a cidade austríaca de Salzburgo acolhe uma cimeira informal precisamente marcada com o objectivo de desbloquear as conversações para a saída britânica do projecto europeu (e também para discutir a questão da política migratória europeia que continua a provocar divisões).
“Nenhum dos lados pode exigir ao outro o inaceitável” se o objectivo for alcançar um acordo sobre a relação futura entre os dois blocos depois de efectivado o Brexit, agendado para Março do próximo ano, avisou a primeiraministra britânica em declarações ontem ao jornal Die Welt.
Sob forte contestação ao nível interno, designadamente devido às exigências feitas pela UE, Theresa May assumiu que irá pedir maior flexibilidade relativamente à exigência de Bruxelas respeitante ao chamado “backstop” (uma espécie de mecanismo de salvaguarda) para o problema relacionado com a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
De acordo com o Politico, o chefe da equipa negocial europeia para o Brexit, Michel Barnier, admitiu repensar e “melhorar” a proposta europeia que tem como objectivo evitar a criação de uma fronteira física entre as duas Irlandas. Também May quer evitar o regresso de controlos fronteiriços que ponham em causa os progressos alcançados na relação entre Dublin e Belfast.
“Estamos preparados para melhorar a nossa proposta. O trabalho na UE está em curso. Vamos clarificar quais os bens que chegados à Irlanda do Norte do resto do Reino Unido precisem ser controlados, onde, quando e quem deve fazer essas verificações”, explicou ontem Barnier aos jornalistas em Bruxelas.
De acordo com uma fonte diplomática europeia citada pelo Politico, Michel Barnier explicou que dos quatro tipos de inspecção de bens feitas ao abrigo das regras europeias (sanitária, alfandegária, fiscal e regulatória), só a que diz respeito às questões de higiene e saúde teria de ser obrigatoriamente efectuada na fronteira irlandesa.
O conflito em torno desta questão é o maior obstáculo a um acordo sobre a forma como se irão relacionar a UE e o Reino Unido depois do Brexit.