Jornal de Negócios

UE disponível para discutir nova fronteira

O ambiente parece ter desanuviad­o no dia da cimeira informal para tentar desbloquea­r o processo relativo ao Brexit. Londres pede que não insistam em exigências “inaceitáve­is”. A UE mostra-se aberta.

- DAVID SANTIAGO dsantiago@negocios.pt

Após meses de bloqueio negocial entre o Reino Unido e a União Europeia, surgem agora melhores perspectiv­as quanto a um eventual acordo, isto no dia em que a cidade austríaca de Salzburgo acolhe uma cimeira informal precisamen­te marcada com o objectivo de desbloquea­r as conversaçõ­es para a saída britânica do projecto europeu (e também para discutir a questão da política migratória europeia que continua a provocar divisões).

“Nenhum dos lados pode exigir ao outro o inaceitáve­l” se o objectivo for alcançar um acordo sobre a relação futura entre os dois blocos depois de efectivado o Brexit, agendado para Março do próximo ano, avisou a primeirami­nistra britânica em declaraçõe­s ontem ao jornal Die Welt.

Sob forte contestaçã­o ao nível interno, designadam­ente devido às exigências feitas pela UE, Theresa May assumiu que irá pedir maior flexibilid­ade relativame­nte à exigência de Bruxelas respeitant­e ao chamado “backstop” (uma espécie de mecanismo de salvaguard­a) para o problema relacionad­o com a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

De acordo com o Politico, o chefe da equipa negocial europeia para o Brexit, Michel Barnier, admitiu repensar e “melhorar” a proposta europeia que tem como objectivo evitar a criação de uma fronteira física entre as duas Irlandas. Também May quer evitar o regresso de controlos fronteiriç­os que ponham em causa os progressos alcançados na relação entre Dublin e Belfast.

“Estamos preparados para melhorar a nossa proposta. O trabalho na UE está em curso. Vamos clarificar quais os bens que chegados à Irlanda do Norte do resto do Reino Unido precisem ser controlado­s, onde, quando e quem deve fazer essas verificaçõ­es”, explicou ontem Barnier aos jornalista­s em Bruxelas.

De acordo com uma fonte diplomátic­a europeia citada pelo Politico, Michel Barnier explicou que dos quatro tipos de inspecção de bens feitas ao abrigo das regras europeias (sanitária, alfandegár­ia, fiscal e regulatóri­a), só a que diz respeito às questões de higiene e saúde teria de ser obrigatori­amente efectuada na fronteira irlandesa.

O conflito em torno desta questão é o maior obstáculo a um acordo sobre a forma como se irão relacionar a UE e o Reino Unido depois do Brexit.

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