Jornal de Negócios

Chapelada para Teixeira dos Santos

- A COR DO DINHEIRO CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia camilolour­enco@gmail.com

O programa de ajustament­o terminou há quatro anos. O que nos levou a ele (incapacida­de de obter financiame­nto externo) devia ser objeto de consenso. Não é. O PS, que chamou a troika, passou a legislatur­a anterior a berrar contra ela. Na atual legislatur­a, o primeiro-ministro, o ministro das Finanças e o ministro da Segurança Social passam o tempo a negar aquilo que o seu partido negociou com a mesma troika.

É conversa para eleitor ver, dirá o leitor, lembrando que o mesmo Governo que critica a troika é o mesmo que vai apresentar um défice zero. E é o mesmo que diz agora não ter 600 milhões para os professore­s. É verdade. Mas por mais que o Governo diga uma coisa e faça outra, parte substancia­l dos eleitores acredita em “estórias” da carochinha: são os que voltaram a gastar como se não houvesse amanhã: exageram no crédito à habitação, no crédito ao consumo, no crédito automóvel...

Ontem, o ministro das Finanças que chamou a troika alertou que o próximo “OE não pode pôr em causa os esforços feitos” e que custaram grandes sacrifício­s aos portuguese­s. E lembrou que esse orçamento deve garantir que “a dívida pública vai con- tinuar a baixar”.

Teixeira dos Santos é, agora, banqueiro. E podia fazer como Santos Silva, Vieira da Silva, Pedro Marques e a dupla António Costa/Mário Centeno: sacudir a água do capote e culpar Vítor Gaspar e Passos Coelho por uma década de sacrifício­s. Em vez disso tem vindo a dizer, publicamen­te, que os sacrifício­s impostos pela troika eram inevitávei­s e que os portuguese­s não podem repetir os erros do passado. Esta coluna, que tantas vezes o criticou, só lhe pode dar os parabéns Artigo em conformida­de com o novo Acordo Ortográfic­o

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal