Afastar gestores custou tanto ao Montepio como prémio ao pessoal
Carlos Tavares tem 1,5 milhões para distribuir bónus aos funcionários da caixa económica.
OMontepio pagou 1,6 milhões de euros para afastar os anteriores membros do conselho geral e de supervisão e do conselho de administração executivo. O montante é ligeiramente superior aos 1,5 milhões que Carlos Tavares decidiu distribuir pelos funcionários por não ter havido actualização salarial em dois anos.
“No primeiro semestre de 2018, o valor de indemnizações pagas ao anterior conselho de administração executivo e ao conselho geral e de supervisão, que em ambos os casos estiveram em funções até 20 de Março de 2018, ascendeu a 1.148 milhares de euros e a 455 milhares de euros, respectivamente”, refere o relatório e contas do primeiro semestre da Caixa Económica Montepio Geral.
Ao todo, era de 1,6 milhões de euros o valor que os administradores da equipa de José Félix Morgado e membros do conselho de supervisão teriam de receber se ficassem em funções até ao final do ano.
Apesar de a decisão de afastar esses elementos ter sido do accionista único, a associação mutualista, cujo líder, António Tomás Correia, se incompatibilizou com Félix Morgado, as indemnizações são responsabilidade da caixa económica. E caíram nas contas que são já de um período comandado por Carlos Tavares.
Tendo em conta que estiveram em funções durante quase três meses, houve ainda gastos para lá das indemnizações: cerca de 1 milhão por remunerações, benefícios, custos com pensões de reforma e ainda encargos com a Segurança Social, de acordo com as informações inscritas no mesmo relatório e contas.
Ausência de avaliação dita prémios iguais
O dinheiro desembolsado com as indemnizações, que foram pagas porque o afastamento foi sem justa cau- sa, está ao nível dos 1,5 milhões de euros que Carlos Tavares decidiu distribuir aos trabalhadores. São 440 euros por cada funcionário, como o jornal Eco noticiou no fim-de-semana.
O conselho de administração de Carlos Tavares decidiu manter o mesmo montante que Félix Morgado tinha determinado, mesmo apesar de ter revisto em baixa os resultados de 2017 (de 30,1 milhões para 6,4 milhões), pelo que a proporção é agora bastante superior à fasquia de 5% que tinha ficado definida aquando da decisão de congelamento salarial, em 2016.
“Trata-se de um esforço significativo por parte da Caixa Económica Montepio Geral, que vai muito além do que é a imposição do ACT [acordo colectivo de trabalho], tendo em vista compensar o empenho de todos, a estagnação salarial dos últimos anos e, de alguma forma, não frustrar expectativas mais ou menos fundadas que possam ter sido criadas”, justifica o CEO (e ainda “chairman”) na carta enviada aos trabalhadores.
O prémio será igual para todos. “Como medida excepcional que é, entendemos que a distribuição deveria ser feita também de forma diferente, numa lógica de equidade”, diz ainda Carlos Tavares. Para a gestão, não havia um modelo de avaliação que permitisse uma distribuição por mérito.
“Como medida excepcional que é, [...] a distribuição deveria ser [numa] lógica de equidade. CARLOS TAVARES CEO do Montepio em mensagem aos trabalhadores