Jornal de Negócios

Start-up portuguesa ganha processo contra a Google

A Aptoide colocou a Google em tribunal depois da gigante norte-americana ter barrado o acesso ao seu serviço. O Tribunal de Évora deu razão à Aptoide na providênci­a cautelar. A start-up portuguesa vai agora avançar com a acção principal.

- Miguel Baltazar NUNO CARREGUEIR­O

AAptoide, start-up portuguesa que tem uma loja independen­te de aplicações para “smartphone­s” Android, ganhou à Google um processo em tribunal, no qual reclamava que a tecnológic­a norte-americana estava a “identifica­r a start-up portuguesa como sendo uma aplicação potencialm­ente maliciosa”.

Em comunicado, a Aptoide refere que o Tribunal Judicial da Comarca de Évora veio dar razão à providênci­a cautelar interposta pela Aptoide, numa decisão que tem impacto num conjunto de 82 países, incluindo Reino Unido, Alemanha e Índia. A Aptoide, que recorreu aos tribunais para ser removida do Google Play Protect, alega que perdeu 2,2 milhões de utilizador­es nos últimos 60 dias. E tem já uma equipa jurídica a trabalhar numa “acção principal para exigir da Google uma indemnizaç­ão por todos os danos causados”, que deve entrar em tribunal na “próxima semana”.

O serviço da Aptoide é concorrent­e do Google PlayStore. Naqueixa contra a Google, alegando violar as leis europeias da concorrênc­ia, a start-up portuguesa dizia que o sistema operativo Android (desenvolvi­do pela Google) integrou um software anti-vírus (Google Play Protect) que alerta os utilizador­es para os perigos de segurança de descarrega­r a “app” da Aptoide.

Quando os utilizador­es com aparelhos Android tentam fazer o “download” da aplicação da Aptoide recebem uma notificaçã­o para desinstala­r esta “app”, com um alerta alegando sobre a sua perigosida­de. “Os utilizador­es que optaram por manter a Aptoide instalada, apesar do aviso, constatara­m que a mesma deixara de funcionar impedindo a instalação de aplicações”, refere o comunicado.

“O comportame­nto é realmente agressivo”, disse em Julho o CEO da empresa portuguesa, citado pela Bloomberg. Na altura, Paulo Trezentos refutou as críticas de falta de segurança da “app” da Aptoide e considerou que a sua loja de aplicações é das mais seguras do mercado.

“Vitória importante”

Agora, o CEO diz que a decisão do tribunal português (a queixa tam- bém seguiu para a Comissão Europeia) de aceitar a providênci­a cautelar representa uma “vitória importante” contra um “concorrent­e feroz” que tem “abusado da sua posição dominante” no Android para eliminar os concorrent­es da App Store.

“Esta decisão é um sinal para as start-ups em todo o mundo: se têm a razão do vosso lado, não tenham medo de desafiar a Google”, refere Trezentos no comunicado que a empresa emitiu em inglês e disponibil­izado pela Bloomberg.

No comunicado em português, Álvaro Pinto, COO e co-fundador da Aptoide, refere que “levamos a segurança muito a sério e é por isso que temos uma equipa totalmente comprometi­da de especialis­tas com recurso a tecnologia­s de última geração para monitoriza­r e melhorar continuame­nte o nosso sistema de segurança. Os utilizador­es da Aptoide podem confiar quando dizemos que estamos mais seguros do que nunca”.

Na mesma fonte a Aptoide aproveita para revelar que este ano “vai passar a utilizar, na sua pró- pria loja, o AppCoins Protocol, uma revolução no mercado das ‘apps’, que se apresenta como uma alternativ­a ao actual mercado monopolist­a”.

Várias queixas contra a Google

Este não é o primeiro caso que opõe a start-up portuguesa contra a Google. A Aptoide é uma das empresas que integrou a queixa contra a gigante tecnológic­a norteameri­cana em Bruxelas e que originou uma multa recorde de 4,34 mil milhões de euros, imposta pela Comissão Europeia por abuso de posição dominante do sistema operativo Android para smartphone­s. A Google já anunciou que recorreu desta condenação para os tribunais.

No comunicado onde revela a decisão judicial, agora proferida em Portugal, a Aptoide (empresa criada em 2009 e que tem sede em Évora) diz que tem um total de 250 milhões de utilizador­es e 6 milhões de “downloads”. Tem escritório­s em Lisboa, Shenzen e Singapura.

“Esta decisão é um sinal para as start-ups em todo o mundo: se têm a razão do vosso lado, não tenham medo de desafiar a Google. “PAULO TREZENTOS CEO da Aptoide, citado em comunicado

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Paulo Trezentos, CEO e fundador da Aptoide, vai avançar com um pedido de indemnizaç­ão contra a Google.

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