Estado vai ser “silent partner” em start-ups
O Fundo 200M espera atrair pelo menos 100 milhões de euros em investimento privado. O Estado acompanha o capital dos privados, que ficam com uma opção de compra sobre a posição do fundo.
“Os co-investidores não vêm fazer nenhum favor por vir investir em Portugal. Só investem em Portugal se encontrarem bons projectos. “MARCO FERNANDES Presidente da PME Investimentos
OEstado vai assumir o papel de accionista nas start-ups que recebam apoio do Fundo 200M. No entanto, não irá intervir na gestão das empresas, sendo um “silent partner”. Os co-investidores privados terão ainda uma opção de compra sobre a participação pública. O fundo, que tem 100 milhões de euros de dotação pública, foi lançado pelo Governo a 27 de Setembro.
Marco Fernandes, presidente da PME Investimentos, entidade que gere o fundo, destaca estes aspectos “inovadores” do fundo. À cabeça, refere ao Negócios, o facto de “o Estado acompanhar o investimento dos privados até um mon- tante máximo de cinco milhões de euros por candidatura”, tornandose accionista das start-ups.
A opção de compra sobre a participação pública no capital das empresas “é mais um factor de atracção para os investidores”, sublinha Marco Fernandes.
O presidente da PME Investimentos frisa que “o objectivo é atrair o mais possível investidores inter- nacionais para Portugal” e “pensamos que esta solução, em que o Estado acompanha o investimento privado e a opção de compra prédefinida sobre a participação pública nas start-ups é muito atractiva e vai gerar muito interesse”.
Avaliação das candidaturas
As candidaturas ao Fundo 200M são avaliadas por um Comité de Investimento, que é presidido por Nuno Arantes- Oliveira. Ao aproveitar a avaliação que os co-investidores fazem dos projectos que decidem apoiar, existe “uma visão mais isenta. Sem dúvida. É completamente isenta. Nós vamos ‘atrás’ de propostas de entidades que estão à procura de bons projectos. Em qualquer parte do mundo”, assinala ao Negócios o presidente do Comité de Investimento.
“Este fundo também é importante não só para as empresas mas para os investidores, que já investiram mas que não têm a capacida- de para, eles próprios, entrarem ou liderarem rondas seguintes de investimento”, acrescenta.
Risco reduzido
Os elementos da PME Investimentos e os membros do Comité de Investimento defendem que a forma como o fundo está desenhado permite “mitigar o risco”. Por um lado, argumentam, o facto de o Estado acompanhar o investimento privado reduz o risco para os investidores. Por outro, ao seleccionar “bons investidores, com experiência e sucesso no passado”, existe uma maior confiança de que os projectos financiados são de qualidade.
Candidaturas aprovadas num mês
Sem estabelecer um prazo rígido, Marco Fernandes diz ser “perfeitamente exequível” que a decisão final do Comité de Investimento demore “cerca de um mês” após a recepção das candidaturas.