Jornal de Negócios

Aposta em fundos de acções aumenta após Verão turbulento

A procura por rendibilid­ade está a levar os portuguese­s a trocar fundos mais conservado­res e com perspectiv­as de menores retornos por produtos com maior risco. Produtos que investem em acções europeias e americanas têm atraído capital.

- PATRÍCIA ABREU pabreu@negocios.pt Justin Lane/EPA

Anavegação nos mercados accionista­s tem estado instável. Apesar da maior volatilida­de nas bolsas, a busca por rendibilid­ade continua a empurrar os investidor­es para as acções. Num mês de resgates nos fundos, os produtos que investem nestes activos conse- guiram atrair poupança.

As bolsas mundiais têm vivido momentos de grande incerteza. Questões como a guerra comercial e a aprovação do orçamento em Itália estão a elevar a volatilida­de na negociação. Mas, apesar dos níveis de instabilid­ade adicionais, as acções continuam a ser apontadas como o melhor investimen­to. E os investidor­es estão a trocar os fundos mais “seguros” pelos fundos de acções. Das cinco categorias que receberam mais investimen­to, em Setembro, três são fundos de acções.

A classe outros fundos de acções internacio­nais foi a segunda mais procurada no último mês, a seguir aos fundos multiactiv­os defensivos. Esta categoria captou 18,7 milhões de euros, subscriçõe­s justificad­as essencialm­ente pelo volume de entradas registadas pelo Caixagest Acções Líderes Globais, que recolheu mais de 19 milhões de euros em Setembro, segundo o relatório mensal dos fundos de investimen­to mobiliário divulgado pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimen­to, Pensões e Património (APFIPP).

Os fundos que investem em acções negociadas no Velho Continente e nos EUA também atraíram

Os investidor­es nacionais reforçaram a aposta em fundos de acções mundiais, em Setembro.

poupança. Os fundos de acções da União Europeia, Suíça e Noruega terminaram o mês com subscriçõe­s líquidas de 3,4 milhões de euros, enquanto os fundos com exposição a títulos da América do Norte recolheram 1,2 milhões de euros.

Do lado das categorias com subscriçõe­s positivas contam-se ainda os fundos de acções nacionais. Estes produtos atraíram cerca de 200 mil euros, reduzindo para 6,9 milhões o volume de saídas registado desde o início do ano. Esta aposta em acções ocorre, porém, num momento em que a maioria destes fundos regista um comportame­nto negativo. Os fundos de acções europeias perdem, em média, 7,5% este ano, enquanto os fundos de acções nacionais desvaloriz­am 6%.

A excepção são os produtos com exposição às bolsas norte-americanas, que continuam a garantir rendibilid­ades positivas. Os fundos de acções da América do Norte somam 4,3% em 2018, suportados pelas valorizaçõ­es registadas pelas bolsas dos EUA: o S&P 500 sobe 3,5% e o Nasdaq ganha 8,5%. Apesar de viver o “bull market” mais longo da sua história, o mercado accionista dos EUA lidera a preferênci­a dos especialis­tas.

A dinâmica de cresciment­o da economia norte-americana, associada aos estímulos fiscais de Donald Trump, deverá impulsiona­r a negociação em Wall Street. Já no Velho Continente, as negociaçõe­s do Brexit, Itália e a retirada dos estímulos monetários poderão criar momentos de instabilid­ade.

Multiactiv­os lideram

Apesar da aposta em fundos de acções após o Verão, os fundos multiactiv­os foram os mais procurados, liderando também as subscriçõe­s no acumulado do ano. Os investidor­es nacionais aplicaram 24,3 milhões de euros em fundos multiactiv­os defensivos, elevando para 253,7 milhões o montante investido nestes produtos desde o início do ano. Esta classe é já a terceira com maior quota de mercado. Os multiactiv­os defensivos recolhem 18,8% do património gerido pelos fundos de investimen­to.

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As bolsas dos EUA mantêm retornos positivos em 2018, contrarian­do o comportame­nto negativo da maioria das praças mundiais.
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Fonte: APFIPP

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