BdP: É fundamental evitar “concessão excessiva” de crédito
O Banco de Portugal voltou a demonstrar preocupação com a concessão de crédito. Desta vez, o vice-governador centrou as atenções no consumo.
“O crédito ao consumo está a registar elevadas taxas de crescimento em Portugal, tendo atingido já valores correspondentes aos anteriores à crise financeira.
O ritmo de crescimento do crédito ao consumo mereceu um novo alerta. Desta vez, chegou do vice-governador do Banco de Portugal. Ao falar na conferência anual da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC), Luís Máximo dos Santos frisou que vivemos numa “sociedade do crédito”. Mas realçou que “é fundamental evitar incorrer em sucessivos ciclos de concessão excessiva” de crédito.
“O crédito ao consumo está a registar elevadas taxas de crescimento em Portugal, tendo atingido já valores correspondentes aos anteriores à crise financeira”, começou por revelar Máximo dos Santos, de acordo com o discurso publicado no site do Banco de Portugal. As novas operações de crédito ao consumo, nos primeiros oito meses deste ano, atingiram os 3.132 milhões de euros, segundo os dados do Banco de Portugal, o que representa o valor mais elevado desde 2004.
“É fundamental evitar incorrer em sucessivos ciclos de concessão excessiva e pouco criteriosa de crédito a que se segue uma queda abrupta e duradoura”, defendeu o vice-governador do Banco de Portugal que lembrou os limites à concessão de crédito que o supervisor recomenda a partir de Julho.
Máximo dos Santos considerou que “o desenvolvimento e a expansão do crédito ao consumo são consequência directa de poderosas tendências, em especial a estagnação ou a redução dos salários, a queda da poupança e o hiperdesenvolvimento do sector financeiro”. “O crédito ao consumo está indissociavelmente liga-
É fundamental evitar incorrer em sucessivos ciclos de concessão excessiva e pouco criteriosa de crédito. LUÍS MÁXIMO DOS SANTOS “Vice-governador do Banco de Portugal
do a um modelo de sociedade que põe o consumo como valor central. É um elemento fundamental do que poderíamos chamar a ‘sociedade do crédito’”, acrescentou o vice-governador. Um fenómeno que, frisou, está presente em todos os países com sistemas financeiros desenvolvidos. “Nada há de intrinsecamente condenável no recurso ao crédito ao consumo; pelo contrário, o crédito ao consumo corresponde há muito a uma necessidade económica e social”, concluiu apelando à concessão de crédito responsável.