Populismo nos comentaristas???
Já aqui lhe expliquei porque o Governo está a prestar um mau serviço ao país ao falar em fim da austeridade para, pela calada…, manter a austeridade (v.g. corte no investimento público, Saúde e Educação e o facto de não ter revertido o “enorme aumento de impostos” de Vítor Gaspar). Esse discurso leva as pessoas ao engano, fazendo crer que a austeridade é evitável. Não é, se as contas públicas não estiverem equilibradas… Mas há outro embuste, praticado pelos comentadores: o de dar uma no cravo e outra na ferradura, mesmo quando o Governo merece dura crítica. Vem isto a propósito do comentário de Marques Mendes na SIC. Falando do orçamento, Mendes elogiou cinco pontos, dos quais destaco dois: apoios às famílias e aumento das pensões (“justíssimo”). Para logo de seguida elencar cinco pontos negativos, com destaque para dois: a redução demasiado tímida da dívida pública e a elevada pressão fiscal.
Mendes não é ignorante em matéria económica. Por isso sabe que os dois pontos positivos que elencou são pagos (suportados)… pelos dois pontos negativos. Isto é, o aumento das pensões só é possível com aumento de impostos (o orçamento da Se- gurança Social não tem reservas que suportem aumentos de pensões). E o mesmo se diga dos apoios às famílias.
Marques Mendes é o típico português: acha que pode ter sol na eira e chuva no nabal. Não é! E é preciso explicar isso ao país: se António Costa quer dar benesses à administração pública e aos pensionistas (as corporações mais beneficiadas pelo Governo) tem de assumir que isso tem custos. Traduzido em tributação e dívida (pública) elevadas.
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