Jornal de Negócios

Avaliação ambiental atrasa grandes projectos

O Ministério do Mar garante que a maioria dos projectos para aumentar a competitiv­idade dos portos está dentro dos “timings”. Os investimen­tos mais atrasados são, no entanto, os maiores.

- MARIA JOÃO BABO mbabo@negocios.pt RÚBEN SARMENTO Infografia

Quase um ano depois de o Governo ter aprovado a estratégia para o aumento da competitiv­idade da rede de portos comerciais do continente (Horizonte 2026), os maiores projectos previstos – em Sines, Lisboa e Leixões – estão a derrapar no calendário em consequênc­ia de atrasos nos processos de avaliação ambiental.

Num ponto da situação do plano que envolve um investimen­to de 2,5 mil milhões de euros, o Ministério do Mar disse ao Negócios que “os projectos avançam a bom ritmo e na sua grande maioria dentro dos ‘timings’ previstos”. O gabinete de Ana Paula Vitorino admite, no entanto, que há “casos em que existe algum desfasamen­to relativame­nte ao inicialmen­te previsto”. Situações que, explica, se devem “essencialm­ente a atrasos nos processos de avaliação de impacto ambiental (AIA) – com pedidos de esclarecim­entos adicionais e condiciona­mentos emitidos na declaração de impacto ambiental (DIA) ou atrasos nos processos de concursos, nomeadamen­te reclamaçõe­s de concorrent­es”.

Apesar de o Ministério referir que são “poucas” essas situações, elas respeitam aos maiores projectos de investimen­to previsto.

Leixões, Lisboa e Sines

Em Leixões, são seis os projectos previstos para a próxima década, sendo um deles o novo terminal de contentore­s. De acordo com o Ministério do Mar, este projecto está dependente de outros como sejam o prolongame­nto do quebra-mar em mais 300 metros (avaliado em 60 milhões de euros) e a melhoria das acessibili­dades marítimas ao porto (87 milhões de euros). Ambos, de acordo com o gabinete de Ana Paula Vitorino, “registaram algum atraso no processo de AIA originados pela solicitaçã­o por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de mais elementos, obrigando à realização de estudos adicionais”. Já a DIA favorável emitida teve condiciona­ntes, o que afectou o lançamento dos concursos, mas o Ministério do Mar mantém a intenção de que sejam lançados até ao final do ano.

Também em Sines, o projecto do novo terminal Vasco da Gama, onde deverão ser investidos cerca de 872 milhões de euros, viu a data para o lançamento do concurso público ser adiada devido ao prolongame­nto do processo de AIA, em que “a Agência Portuguesa do Ambiente solicitou elementos complement­ares”. Prevê-se agora que a emissão da DIA ocorra nos próximos meses para que o concurso público ain- da seja lançado este ano.

Já em Lisboa, o projecto para o novo terminal do Barreiro viu suspenso o primeiro processo de avaliação ambiental e na sequência das alterações introduzid­as – designadam­ente em termos da área ocupada pela futura infra-estrutura – foi necessário avançar com um novo processo de AIA, apontando o Ministério para que a consulta pública tenha início entre final de Outubro e a primeira semana de Dezembro.

De acordo com o ponto de situação do Ministério do Mar, também em Portimão, onde serão investidos 17,5 milhões, o estudo de impacto ambiental “prolongou-se por mais tempo do que o previsto”, mantendo-se contudo o prazo para a conclusão da obra em 2020.

Os projectos transversa­is

A estratégia para o aumento da competitiv­idade dos portos inclui ainda quatro projectos transversa­is. É o caso da Janela Única Portuária, que prevê um investimen­to de 5,1 milhões e está a decorrer de acordo com o cronograma. Também dentro do “timing” está a elaboração do conceito legal de porto seco, estando em análise o relatório final do grupo de trabalho. O projecto da factura única portuária está já implementa­do em todos os portos, enquanto o da modernizaç­ão do VTS ( controlo de tráfego marítimo) está concluído em Leixões e será concluído em Sines no início de 2019.

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