40% das mães dizem que não tiram um mês para cuidar dos filhos
A esmagadora maioria dos pais e uma parte relevante das mães diz que não tira um mês ou mais, nem de licença. São os resultados do mesmo inquérito do INE que concluiu que 7 7% dos portugueses não vêem obstáculos na conciliação entre a vida profissional e
Aesmagadora maioria dos pais e uma parte relevante das mães declara que nunca deixou de trabalhar, durante pelo menos um mês, para cuidar de filhos menores de 15 anos, nem através de licenças parentais. São os resultados de um inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE) que também concluiu que mais de três quartos dos inquiridos não vê qualquer obstáculo na sua empresa à conciliação da sua vida familiar com a vida profissional.
Neste inquérito temático, que foi feito no segundo trimestre, o INE colocou a seguinte questão: “Alguma vez deixou de trabalhar ou interrompeu a sua actividade profissional, pelo menos durante 1 mês, para cuidar de filhos ou de enteados menores de 15 anos?” Por exemplo através “de licença de maternidade/paternidade, licença parental alargada ou outra situação?”. No total de empregados só 8% dos homens e 39,8% das mulheres responde que sim.
Contudo, se tirarmos do universo total as pessoas que nunca trabalharam (1,6%) ou que nunca tiveram filhos (28,2%), as percentagens dos que dizem que nunca interromperam a vida profissional durante pelo menos um mês por causa das crianças são de 87% no caso dos homens e de 41% no caso das mulheres.
Os resultados surpreendem não só por confirmarem fortes diferenças entre o comportamento dos homens e das mulheres, mas também porque menos de metade das mulheres que trabalha ou trabalhou e tem ou teve filhos indica que interrompeu a carreira ou o trabalho durante pelo menos um mês, ainda que através do gozo das licenças, quando a licença obrigatória da mãe é de seis semanas.
Só as mulheres assumem que
77% NÃO SE QUEIXAM É a percentagem de inquiridos que não encontra obstáculos à conciliação da vida profissional com a familiar.
nunca trabalharam para cuidar dos filhos (0,8%) e são também as mulheres que tendem a interromper a carreira para tratar de pessoas mais velhas.
Nos casos em que as pessoas ficam realmente em casa, a duração dos sucessivos períodos com os filhos é maior no caso das mulheres, que em 33% dos casos interrompem o trabalho durante mais do que seis meses. No caso dos homens, os únicos valores com “níveis de qualidade” considerados “aceitáveis” pelo INE indicam que 96,9% o fazem durante um período inferior a seis meses.
Só 22% se queixa e são sobretudo homens
O inquérito é justificado com a “crescente relevância” que o tema da conciliação tem assumido na agenda europeia e nacional, mas os resultados sugerem que a maioria dos portugueses (77%) não se mostra preocupada com este assunto.
Entre os que respondem ao INE que “não há obstáculos” na sua empresa à conciliação é maior a percentagem entre os homens (74,2%) do que entre as mulheres (78,9%).
O mesmo inquérito sugere que é maior a proporção de mulheres que consegue sair uma hora do trabalho para tratar de assuntos relacionados com as crianças, mas que os homens conseguem mais facilmente tirar um dia (ver texto à direita). Acomparação com inquéritos anteriores, em que a informação nem sempre é apresentada da mesma forma, sugere que há agora maior flexibilidade do que em 2005.
Apesar da relevância que o tema da conciliação tem assumido nos últimos tempos, apenas 22% dos inquiridos identificam obstáculos à conciliação da vida profissional com a vida familiar, como a imprevisibilidade do horário (6,8%), a existência de um horário longo (5,1%), ou o facto de o trabalho ser considerado exigente ou extenuante (3,3%).
Dados solicitados pelo Negócios ao INE revelam que a percentagem de trabalhadores satisfeitos com o grau de conciliação – os que indicam que não há obstáculos – é maior na agricultura e na pesca (em que 81% não encontra obstáculos) do que nos serviços (nos quais 76% diz não ter).