Desemprego sobe no Verão pela primeira vez em seis anos
Neste Verão, não foi só o clima que decepcionou. Também o desempenho do mercado de trabalho ficou aquém do que prometia o segundo trimestre. Pela primeira vez desde 2012, o número de desempregados teve uma ligeira subida.
Foi bom enquanto durou. É esta a sensação que fica depois de se analisar os dados do inquérito ao emprego, divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A espectacular recuperação do mercado de trabalho, que se traduziu na redução para metade da taxa de desemprego, parece ter chegado ao fim e pela primeira vez em seis anos o país viu o número de desempregados aumentar.
Asubida é muito ligeira, mas tem um peso simbólico enorme. O número de desempregados fixou-se no terceiro trimestre em 352,7 mil, mais mil do que no trimestre anterior – correspondendo a uma taxa de desemprego de 6,7%. Seria preciso recuar a 2012 para ver isto a acontecer. Háum ano, no mesmo período, o desemprego diminuiu 3,8% enquanto há dois anos a redução foi de 1,8%.
Do lado do emprego também há sinais de perda de dinamismo, embora menos alarmantes. Neste terceiro trimestre, o emprego aumentou, em cadeia, apenas 0,6%, o que contrasta com crescimentos de 0,9% e 1,3% nos mesmos trimestres de 2017 e 2016, respectivamente.
Dado que estamos a comparar o terceiro trimestre com o segundo e tendo em conta que estes dados não descontam o efeito da sazonalidade, é evidente que há aqui um efeito conjuntural relacionado com o Verão. É isso que explica, aliás, que, em matéria de criação e destruição de emprego, os terceiros trimestres sejam quase sempre piores do que os segundos.
Recorrendo às comparações homólogas, onde este problema já não se coloca, há criação de emprego e redução do número de desempregados. Mas a dinâmica já não é a mesma.
O ritmo de criação de emprego abrandou, comumaumento dapopulação empregada de 2,1%, que compara com uma variação homóloga de 2,4% no trimestre anterior e de 3% no mesmo período do ano passado.
Do lado do desemprego, apesar do abrandamento, os números continuam a impressionar pela positiva. A população desempregada caiu 20% no terceiro trimestre face a igual período do ano anterior. Ainda assim, nos trimestres anteriores, a quebra homóloga foi superior entre dois e quatro pontos percentuais.
Estes números vêm confirmar os receios já levantados pelos dados mensais do INE. Depois de um final de 2017 e um início de 2018 frouxos, em que a criação de emprego estagnou, o mercado de trabalho conheceu uma dinâmica que surpreendeu quase todos. Porém, os dados mensais do INE divulgados há uma semana já davam conta de um aumento do desemprego – o primeiro desde 2016 – em Agosto, apesar do INE antecipar nova redução da taxa em Setembro.
Desemprego agrava-se nas Ilhas e no Centro
Olhando para a desagregação geográfica feita pelo INE, constata-se que a evolução do mercado de trabalho é muito díspar no território nacional. Se no Sul do país – em Lisboa, mas sobretudo no Algarve e Alentejo –, a taxa de desemprego desceu, na região Centro a taxa de desemprego agravou-se de 5,3%, no segundo trimestre, para 5,4% no terceiro trimestre (mantendo-se como a segunda mais baixa).
Nas regiões autónomas a situação é mais preocupante, em particular nos Açores onde o desemprego subiu tanto em cadeia como em termos homólogos, situando-se agora em 8,7%. Na Madeira, há um agravamento significativo da taxa de desemprego, mas esta (8,9%) ficou ainda assim abaixo do valor do período homólogo.