Jornal de Negócios

Cuidarmos de nós

- PEDRO SANTANA LOPES Advogado

Disse na semana passada, na Grande Entrevista da RTP, e mantenho: não compreendo como o Estado renuncia tão facilmente à exploração de recursos naturais ao largo da sua costa.

Enquanto for possível lançar impostos, dará menos trabalho à governação imediatist­a e ligeira. Explorar os recursos dá mais trabalho: a investigar, a estudar, a planear, a executar. Dá mais trabalho e certamente demorará mais tempo. Lançar impostos é “tão fácil”!! Chega-se ao Parlamento, aprova-se uma lei, manda-se cobrar e arrecada-se.

São milhares de milhões de euros que estão em causa todos os anos. Também exportamos produtos refinados, mas a fatura líquida em termos energético­s continua a ser muito pesada.

Posso estar muito enganado, mas quantos países no mundo, que tenham indicação de que pode haver gás ou petróleo na sua costa, renunciam a saber a verdade que permitiria resolver parte consideráv­el das suas carências quanto a recursos financeiro­s necessário­s para susten- tar o seu nível de despesa?

A Noruega atribuiu, recentemen­te, 75 licenças de exploração. Alguém deixou de ir aos fiordes por esse motivo? Notese que não estou a falar agora de prospeção onshore, mas sim offshore, nas águas marítimas.

Sou um intransige­nte defensor da proteção do ambiente e dos recursos naturais, mas precisamos de bom senso e equilíbrio. As sociedades escandinav­as não são desenvolvi­das, progressis­tas e amigas do ambien- te? Quem o põe em causa?

Ou por sermos na Europa “mais papistas do que o Papa” ou porque o Estado se curva perante minorias ruidosas, os portuguese­s não podem ter direito ao mesmo que os cidadãos de países mais desenvolvi­dos que, claro, não deixam de aproveitar os seus recursos naturais?

Consultem a lista dos países produtores de petróleo... O terceiro, por exemplo, o Canadá deve ser subdesenvo­lvido e inimigo do ambiente. Vejam os PIB/pré-capita da Noruega e da Dinamarca. Mais de três e duas vezes o de Portugal.

Como estes preconceit­os e estes politicame­nte corretos fazem mal à vida dos portuguese­s. Está na hora de acabar com isso. Está na hora de cuidarmos da industrial­ização da nossa economia, de desenvolve­rmos políticas públicas que liguem a investigaç­ão ao aproveitam­ento dos nossos recursos. Necessitam­os de dar sustentabi­lidade ao nosso modelo económico e social. Não é só por aí, pela prospeção de recursos. Mas essa via também pode contribuir para mudar a realidade da vida de quem nasce em Portugal.

Artigo em conformida­de com o novo Acordo Ortográfic­o

Quantos países no mundo, que tenham indicação de que pode haver gás ou petróleo na sua costa, renunciam a saber a verdade?

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Rick Wilking/Reuters
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