Os “ruídos” de Catarina e o voto no PS
Catarina Martins criticou a forma como o roubo de armas em Tancos tem sido conduzido. A líder do Bloco diz que “tem havido ruído a mais e explicações a menos”, depois de questionada sobre se partilha da opinião do primeiro-ministro acerca da “ansiedade” de Marcelo Rebelo de Sousa.
Catarina aprendeu muito nos anos que leva à frente do Bloco de Esquerda. Uma das coisas que aprendeu foi deixar o parceiro de governo gerir sozinho as trapalhadas em que se mete (sendo que Tancos é uma das mais graves).
Vejamos: a líder do Bloco já percebeu que o Governo e o primeiro-ministro ficaram numa situação delicada com as evidências de que o ministro da Defesa foi informado de toda a tramóia (encobrimento). E sabe que a situação pode piorar se a comissão de inquérito que aí vem conseguir criar dúvida fundada sobre se o primeiro-ministro foi posto a par do encobrimento pelo então ministro da Defesa. Por isso quer manter-se fora da polémica, para não ser arrastada para o centro da tempestade… caso esta passe a furacão.
Acontece que a coordenadora do Bloco tem pelo menos mais duas razões para dei- xar “fritar” em lume brando o primeiro-ministro. A primeira é devolver a António Costa as alfinetadas com que este brindou o Bloco aquando do episódio Robles. A segunda é que dá muito jeito a Catarina que o PS não saia muito bem do caso Tancos: as eleições são daqui a um ano e o Bloco precisa urgentemente de recuperar o espaço que perdeu para o PS depois da forma desastrada como geriu o dossiê Robles… E retirar o PS do limiar da maioria absoluta seria ouro sobre azul.
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