Ra r Pa bate com o populismo, é opre re ciso pr não od uz ir
Defender, explicar e viver de acordo com os valores centrais das democracias liberais em vez de, simplesmente, reproduzir pequenas versões de populismo é a melhor forma de combater as correntes populistas em ascensão, sublinha ao Negócios o politólogo holandês Cas Mudde, professor associado da Universidade de Geórgia e co-autor do livro “Populismo: uma brevíssima introdução”. Àmedida que se globaliza, o populismo corrói os alicerces das democracias liberais construídos no mundo transatlântico no pós-Guerra, primeiro, e, num segundo tomo, depois daquedado Muro de Berlim. O fenómeno tem pelo menos dois séculos, mas a escalada intensificou-se nas últimas três décadas, sobretudo a partir de 2016 com a eleição de Trump como Presidente dos EUA e com a vitória do Brexit no referendo britânico. Ante aerosão transnacional emcurso dos quadros políticos tradicionais, quais serão as armas paracombater e travar os líderes populistas? Face à crescente implantação de fenóme- nos populistas nos mais diferentes sistemas políticos e geografias, desconhece-se uma fórmula capaz de enfrentar o problema em toda a sua amplitude. Para já, a solução mais avistada parece consistir na não reprodução das práticas que levaram à situação actual. É isso que defende Cas Mudde quando afirma que “a maior parte dos erros foram cometidos há várias décadas, com as elites políticas a manterem questões-chave como a integração europeia e a imigração longe da agenda”. Dois temas que persistem como os principais focos promotores do fenómeno populista na Europa. O professor identifica ainda outras abordagens erradas por parte dos partidos considerados moderados e que alimentam o descontentamento que, por sua vez, impulsiona o sucesso de líderes populistas. A primeira é a insistência na política TINA(“there is no alternative”) e a segunda consiste na “ilusão” de que existe um conjunto homogéneo de pessoas pode ser “recuperado” através de políticas ditas de “bom senso”.
Roger Eatwell, professor de Políticas Comparadas na Universidade de Bath e co-autor do livro “Populismo Nacional: Revolta contra a Democracia Liberal”, defende ainda a necessidade de as pessoas se envolverem mais num “debate construtivo”. Será essa a melhor forma de combater a lógica dos jogos de soma zero em que assentam as estratégias populistas. Roger Eatwell recorda também que continua por realizar, ao nível político, “o debate fundamental acerca da natureza da democracia e sobre como fazer com que as pessoas se sintam mais incluídas”.
A crise de refugiados que chegou ao continente europeu a partir de 2015 fomentou sentimentos anti-imigração que rapidamente foram apropriados pelas forças populistas. Em especial pelas extremas-direitas, como o nacional-autoritarismo de Viktor Orbán, na Hungria, ou a Liga de Matteo Salvini, que in-