Jornal de Negócios

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Um novo modelo de feira

- JOSÉ VEGAR

A Associação Portuguesa de Antiquário­s lança um novo modelo de feira de antiguidad­es e de arte, assente numa curadoria centrada na exibição de peças de valor maior.

Como sabem todos aqueles que de algum modo têm uma ligação ou um interesse nas várias dimensões da arte, temos um problema grave com as feiras em território nacional. As feiras que foram sendo realizadas nas últimas décadas, bem como as que agora se realizam anualmente, submetem-se primeiro a um problema de periferia, já que a fraca capacidade económica da procura nacional afasta as galerias da primeira liga global.

No entanto, se fosse este o único problema, a situação não seria especialme­nte dramática, já que o mercado ibérico e sul-americano, que constitui o grosso da oferta das feiras em território nacional, pode ter sustentabi­lidade suficiente para os colecciona­dores e investidor­es. O problema maior é que as feiras de arte em território nacional sofrem ainda de uma curadoria deficiente e de falta de controlo do valor. A curadoria deficiente manifesta-se, essencialm­ente, no domínio da quantidade em lugar da qualidade, o que gera uma enorme dispersão.

A falta de controlo do valor dá-se porque os agentes da oferta insistem numa hipervalor­ização monetária das obras que exibem, sem racionais que a suportem. Assim, as várias feiras que existiram e existem não são grandes experiênci­as para a procura, fazendo com que persista violentame­n- te a necessidad­e de novos modelos.

É exactament­e isto que a Associação Portuguesa de Antiquário­s (APA) irá tentar fazer da próxima quarta-feira até domingo, isto é, criar e aplicar um novo modelo de feira. A APA aposta primeiro numa dupla oferta, de antiguidad­es e de arte. Aposta de seguida numa curadoria cuidada dos agentes, que começa na opção de dar um lugar de presença apenas a um número limitado de antiquário­s e galerias, que são a Galeria São Mamede, Ilídio Cruz, Ricardo Hogan, J. Baptista, João Ramada, D’Orey, Isabel Lopes da Silva, Coisas de Família, Manuel Castilho, Galeria Bessa Pereira, Objectismo, Porcelana da China, Luís Alegria, Casa d’Arte e Manuela Verde Lírio.

A lista mostra que existem ausências importante­s, mas também presenças com espólio de valor, e outras que são incógnitas. Mas a curadoria da APA estende-se, garante a associação, às próprias peças que estarão em exibição. Assim, diz a APA, antes da abertura da feira, todas as peças serão submetidas à avaliação de uma comissão de peritos, que dará parecer sobre o valor real de cada uma, compromete­ndo-se os agentes da oferta a exibirem apenas as peças maiores. É um modelo curioso, que gera expectativ­a. A feira irá realizar-se no espaço da Sociedade Nacional de Belas Artes.

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